O Brasil venceu a Alemanha por 1 a 0 e mostrou força e confiança para a Copa do Mundo que começa logo ali, dobrando a esquina. Mostrou um futebol maduro e consistente e deixou claro que pode enfrentar, sim, qualquer seleção daqui a menos de três meses na Rússia. Pouco importa que a Alemanha estivesse com quatro titulares e tenha trocado cinco jogadores durante o amistoso. O jogo valeu pelo atestado de maioridade da Seleção de Tite.
Se o 7 a 1 não provocou efeitos fora de campo ou mudanças estruturais no futebol brasileiro, pelo menos, na Seleç;ão, ele repercutiu. A presença de Tite na beira do campo trouxe conceitos e modelo europeus de tanto na forma de jogar quanto na de conduzir o trabalho. Mas tudo isso precisava ser referendado por esse jogo de Berlim. O Brasil ansiava havia quase quatro anos por um reencontro com a Alemanha. Não para vingar o 7 a 1, porque isso é impossível, ele está lá, como um capítulo cinzento da nossa história. Mas para que conferíssemos o patamar no qual está a nossa Seleção.
A resposta trazida pelo confronto desta terça-feira é tranquilizadora. A Seleção de Tite está em um patamar elevado. E o que é melhor, baseada em um trabalho consistente e sem a euforia e a faceirice que costumam emoldurar o verde e amarelo. A Alemanha entrou só com quatro titulares, mas vamos combinar que, na seleção de Joachim Low, a distância entre reserva e titular é pequena.
Por isso, o primeiro tempo no histórico Olympiastadion mostrou-nos uma Seleção madura, com elevado grau de concentração e competitiva. Uma versão tropical da Alemanha, me arriscaria a dizer. É evidente que pela carga do jogo, os primeiros minutos foram de nervosismo e erros, de entricheiramento pelo avanço das linhas alemãs com um futebol construído por confiança e troca de passes. Só aos 10 minutos o Brasil marcou presença no ataque. Coutinho recebeu passe errado de Goretzka e avançou a dribles. Dentro da área, porém, recuou mal.
Até esse momento, a Alemanha era soberana. Kroos ditava todos os caminhos do jogo com frieza e autoridade. Goretzka pela direita e Draxler pelo meio tramavam e abriam espaços para o avanço de Gundogan e o apoio dos laterais Kimmich e Plattenhardt. Na área, Mário Gómez e Thiago Silva disputavam a ombro cada centímetro.
O Brasil se assentou na partida, dominou os nervos e foi avançando. Passou a marcar a Alemanha lá quase em na área de Trapp. Frios e treinados, os alemães tramavam sem se apavorar. Até os 30 minutos, o que se viu foi confronto tático, de perda e ganho de bola na intermediária.
A partir da primeira meia hora, os espaços apareceram. Eram mínimos, mas em jogos desse craqeus nível eles se tornam latifúndios. Aos 35, Plattenhardt cruzou e Kimmich perdeu do lado oposto da área. Na sequênicia, Daniel Alves tocou para William, que acionou Jesus livre entre os zagueiros. Ele avançou, driblou Rüdiger e Boateng e ainda teve tempo de enquadrar-se para arrematar com o pé direito. Mas errou. O Brasil recuperou a bola na saída, trocou passes e, em raro desajuste da defesa alemã, chegou ao 1 a 0: William cruzou, e Jesus, sozinho no meio da área, cabeceou em cima de Trapp, que colocou para dentro.
A partir daí, amigos, a Seleção se adonou do jogo até o final do primeiro tempo. Ao 43, Trapp foi marcado por Jesus quase na linha de fundo e mandou a bola pela lateral. Tite, do lado de fora, abria e fechava as mãos, em gesto no qual pedia aos jogadores para trocar passes.
As duas seleções voltaram do intervalo, e o cenário se manteve. O Brasil marcando como uma Alemanha, e a Alemanha sem o conforto que a faz jogar como uma máquina. Aos 10, Trapp foi acossado e saiu mal. Marcelo recuperou e tocou para Jesus. Esse acionou Coutinho na área. O lacnce culminou em gol salvo pela zaga e rebote arrematado por Paulinho por cima. Aos 12, mesmo roteiro. Fernandinho recuperou e tocou para Coutinho na entrada da área. O chute foi alto. Aos 15, Low trocou seus dois meias extremas. Sané, craque do City que saiu sem uma vitória pessoal sequer, e Goretzka deram lugar a Stindtl e Brandt. No minuto seguinte, Mário Gómez deu lugar a Sandro Wagner.
Os alemães passaram a deixar espaços generosos. Aos 22, só seis alemães recompuseram e, não fosse Kimmich, Coutinho teria arrematado cruzamento de Daniel. No escanteio. Trapp saiu mal, e Jesus cabeceou, com o gol aberto. Aos 27, Jesus recebeu lançamento às costas da zaga, livre, mas cruzou sobre o marcador. O jogo estava à feição do contra-ataque e, por isso, Coutinho deu lugar a Douglas Costa.
A Alemanha colocou Brandt e deixou de lado o jogo tramado e tático. Pasou a enviar a bola direto para a cabeça de Wagner, 1m94cm. O Brasil se encolheu e passou a sair em velocidade. Não encaixou o contra-ataque que liquidaria o jogo. Mas segurou sem sustos o 1 a 0 e saiu de Berlim robusta e confiante. Está no caminho para a Rússia.