Não posso endossar a crítica de Francisco Novelletto, presidente da FGF, contra o movimento dos jogadores por um calendário mais racional. Noveletto entende que os jogadores estão "chorando de barriga cheia".
Ora, não cabe misturar salários com anseios por melhores condições de trabalho. As fortunas que alguns jogadores ganham é apenas efeito da irresponsabilidade dos clubes. Não é inteligente pagar salários muito acima da capacidade técnica dos profissionais. Mas, definitivamente, esta distorção nada tem a ver com calendário apertado.
Após uma temporada de muitos jogos e viagens, quanto tempo necessita o jogador de futebol para se recuperar do desgaste físico e emocional acumulado durante o ano inteiro? Os fisiologistas e preparadores físicos sabem a resposta mas, mesmo sendo leigo, duvido que 15 dias sejam suficientes. Duas semanas de férias servem, apenas, para "tirar a bola do corpo". É assim até mesmo em atividades que não exige grandes esforços físicos.
Os clubes reclamam das maratonas de jogos mas querem participar de todas as competições. Tampouco se pode comparar as distâncias percorridas por clubes europeus com as viagens longas e cansativas, obrigatórias em um país continental como o Brasil.
A OAB está apoiando o movimento dos jogadores. Não é ruim mas quem diz que esta entidade entende alguma coisa de futebol? Nove jogadores da Dupla Gre-Nal fazem parte do movimento. D´Alessandro e Barcos, dois argentinos, lideram o grupo gaúcho. Aguarda-se com ansiedade um pronunciamento de Pelé, que se mantém calado sobre a pré-revolução dos jogadores brasileiros.