A Fórmula 1 confirmou nesta sexta-feira (24) que o calendário 2020 não terá nenhuma das corridas marcadas para as Américas do Sul e do Norte. Dessa forma, o GP Brasil está cancelado. Será a primeira vez desde 1972 que a F1 não terá prova no País em uma temporada.
Além do Brasil, Estados Unidos, Canadá e México também deveriam receber corridas nas Américas em 2020. O motivo para o cancelamento foi questões de saúde por conta do coronavírus.
— Confirmamos que, devido à natureza da pandemia de coronavírus, restrições locais e a importância de se manter as comunidades e nossos companheiros seguros, não será possível correr no Brasil, EUA, México e Canadá nesta temporada — afirmou em comunicado a Liberty Media, organizadora da F1.
A Liberty Media também confirmou nesta sexta-feira a inclusão de mais três provas no calendário: os GPs de Ímola, Portugal e Alemanha. A atual temporada da F1 começou no início do mês e já teve três corridas realizadas (duas na Áustria e uma na Hungria). Com duas vitórias, o inglês Lewis Hamilton é o líder do Mundial de pilotos.
GP Brasil em dúvida para 2021
O contrato da prefeitura de São Paulo para receber a fórmula 1 em Interlagos se encerra neste ano. Desde 2018 há uma novela envolvendo a tentativa de sua renovação. No ano passado, ainda ganhou a concorrência do Rio de Janeiro, que pretende receber um GP a partir de 2021.
Em maio de 2019, o presidente Jair Bolsonaro assinou termo de cooperação para levar a corrida para o Rio. A promessa é que a construção de um circuito em Deodoro, na zona oeste da cidade, no valor de R$ 697 milhões, seja quitada apenas com recursos privados. No mesmo mês, o empresário JR Pereira, representante do consórcio Motorsport, ganhou licitação para construir o autódromo. As obras, no entanto, ainda não saíram do papel.
Uma das etapas necessárias para que seja dado início à construção estava travada até a última semana, quando o STF (Supremo Tribunal Federal) atendeu a um pleito da Prefeitura do Rio Janeiro e permitiu que uma audiência pública para analisar o impacto ambiental das obras seja feita virtualmente.
No dia 10 de julho, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), na linha de frente das negociações para que a prova permaneça na capital paulista a partir do próximo ano, chegou a dizer que a etapa de 2020 estava garantida na cidade.
— Para este ano está confirmada a Fórmula 1. O autódromo está preparado para receber, evidentemente dentro dos protocolos de saúde, e os organizadores já sabem. Nós temos um contrato. Em relação a este ano, o contrato tem que ser cumprido. Temos que deixar isso claro, de parte a parte. A nossa posição é que o contrato será cumprido — afirmou em entrevista coletiva.
Sobre a renovação para 2021, ele disse na ocasião que continuava conversando com a Liberty Media.
— Aqui temos um autódromo pronto, consagrado, tido como um dos cinco melhores do mundo. Nada contra o Rio de Janeiro, mas não faz sentido um gasto de R$ 1 bilhão para construir um autódromo em uma área que não tem aprovação ambiental em um momento de pandemia com escassez de recursos — afirmou.
O ponto central nas negociações é a chamada taxa de promotor, que as sedes das provas precisam pagar à categoria e não possui um valor fixo, variando conforme a etapa. O atual vínculo entre São Paulo e a F-1, assinado em 2014, não prevê o pagamento dessa taxa, mas para a renovação ele será indispensável.