Há 25 anos, numa manhã de domingo, o Brasil perdeu um de seus maiores ídolos do esporte. Ayrton Senna, então com 34 anos, morreu ao bater sua Williams numa curva do circuito de San Marino. O acidente, até hoje controverso sobre a combinação de fatores que ocasionou a saída de pista do carro na Tamburello, deixou milhões de torcedores órfãos de um esportista que era mais do que tricampeão de Fórmula-1. Era um exemplo de patriota, de piloto que lutava por sua categoria. E que não conseguiu ver a F-1 evoluir em segurança, tema pelo qual comprou brigas na carreira. Foi sua morte prematura que mobilizou dirigentes a reformularem regras, priorizando a vida dos pilotos.
Algumas modificações haviam sido solicitadas pelo brasileiro no final de semana trágico em Ímola. No sábado, o austríaco Roland Ratzemberger morreu vítima de acidente. No dia anterior, Rubens Barrichello voou numa curva e escapou por sorte. Diante disso, Senna pediu para a prova ser suspensa. Não foi atendido, mesmo com ambiente de luto e apreensão.
Desde a morte do ídolo brasileiro, foram mais de 20 alterações no circo da F-1, seja no carros, nas pistas e ou nas regras. Entre as principais: cabos impedem que as rodas possam atingir o piloto em caso de batida, os carros ganharam mais proteção lateral, a estrutura da célula de sobrevivência ganhou o halo, que serve de escudo para a cabeça dos pilotos. Os capacetes são sujeitos a testes para garantir que eles podem resistir a impactos fortes.
Em relação às pistas, muitas curvas perigosas foram redesenhadas, inclusive a Tamburello. Além disso, foi criado o Instituto de Segurança da Federação Internacional de Automobilismo, órgão pensado para implementar medidas de segurança na categoria. Desde 1994, apenas o francês Jules Bianchi morreu devido a um acidente no GP do Japão de 2014: bateu num guindaste à beira da pista.
O ex-piloto Luciano Burti, que sofreu um grave acidente no GP da Bélgica, em 2001, deu depoimento emocionado terça-feira (30) na TV Globo:
— Eu não lembro de nada. Só sei que bati no muro a 270 km/h. Se não fosse o acidente do Ayrton, eu não teria sobrevivido. Após a morte dele, a segurança da Fórmula 1 melhorou muito, dos carros, das pistas, dos equipamentos.
Por que Senna morreu?
Pela versão mais conhecida, a Williams perdeu aderência na pista segundos antes do choque, na sétima volta do GP de San Marino, ao raspar o chassi no asfalto. Nesta hora, a barra da direção teria se rompido, fazendo com que o piloto perdesse o controle.
A equipe havia feito uma emenda para aumentar a estrutura em 1,8 centímetro, a pedido de Senna. A ruptura teria ocorrido justamente nesta parte modificada. Jamais houve definição sobre quando houve esta ruptura: se antes do acidente ou em função da batida.
Fato é que, ao sair da trajetória da curva Tamburello, Ayrton Senna estava a 307 km/h. Ao frear, baixou para 220km/h até bater no muro num ângulo de 22º, o que é considerado algo relativamente seguro. A fatalidade começou no fato de o cockpit ter se arrastado pela mureta.
A roda dianteira direita ficou presa entre a proteção e o carro e foi arrancada do chassi junto com um braço da suspensão. Foi esse destroço que atingiu o capacete de Senna, na junção com a viseira, afundando parte de seu crânio. Segundo o médico italiano Giovani Gordini, que resgatou o piloto, nada podia ser feito. Senna morreu na pista, às 9h13min (horário de Brasília).
A carreira
Idade 34 anos, Senna morreu no auge da carreira. O piloto disputou 161 GPs e correu pelas equipes Toleman, Lotus, McLaren e Williams. O brasileiro também contabiliza 41 vitórias, 80 pódios e 65 pole positions, além de ter vencido os mundiais de 1988, 1990 e 1991.