Faltavam 15 voltas para o fim do GP da Malásia quando Lewis Hamilton apontou na reta e afundou o pé no acelerador para despejar potência no motor Mercedes, que venceu 46 das 54 corridas na Fórmula-1 desde 2014. Segundos depois, a fumaceira sentenciou, pelo retrovisor, o fim de prova. Mais do que perder a chance de retomar a liderança do campeonato, o inglês entregou de bandeja uma baita vantagem para Nico Rosberg.
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Problemas na unidade motriz são parte do infortúnio de Hamilton na temporada. Em 16 provas, ele venceu seis. Nas outras 10, foi prejudicado em quatro pelo “coração” do carro. Na China, falhas o fizeram largar em último. Na Rússia, a perda de potência o impediu de participar da parte final do treino, saindo só em 10º. Na Bélgica, teve de trocar componentes e, punido, partiu da última fila. E, quando tinha a vitória praticamente na mão para voltar à liderança do campeonato, ficou a pé na Malásia.
Isso não desqualifica os 23 pontos de vantagem conquistados por Rosberg. Em Sepang, no domingo passado, o alemão foi atingido por Sebastian Vettel (Ferrari) na largada, caiu para o fim do grid e teve uma recuperação incrível, chegando em terceiro. Regularidade, aliás, é o trunfo para pôr fim ao rótulo de “bi-vice” e coadjuvante na F-1.
A boa fase ajuda. Nico foi ao pódio nas últimas quatro corridas, com três vitórias. Soma oito primeiros lugares no ano, mesmo não tendo, em nenhuma deles, ultrapassado Hamilton na pista durante uma disputa direta de corrida.
Apesar de o alemão ter dominado as primeiras sessões de treinos para o GP do Japão, neste domingo (2h, RBS TV), Hamilton tem motivos para crer na reviravolta. Venceu em 2014 e 2015 em Suzuka, nas duas vezes partindo atrás de Rosberg. Se ganhar a terceira seguida, igualará o recorde de Michael Schumacher (2000 a 2002) e, principalmente, seguirá sonhando com o improvável tetra.
Nas últimas 20 temporadas, só duas vezes uma vantagem tão grande foi revertida nas últimas cinco provas (veja abaixo). Portanto, está tudo nas mãos de Hamilton. Sejam separadas, ao volante, ou unidas, fora dele, para pedir que a sorte volte a lhe sorrir.
Viradas nas cinco corridas finais
2012
Fernando Alonso – 194
Sebastian Vettel – 190
2010
Fernando Alonso – 166
Sebastian Vettel – 163
2007*
Lewis Hamilton – 84
Kimi Raikkonen – 68
1997*
Michael Schumacher – 66
Jacques Villeneuve – 55
*Nesta época, a vitória valia 10 pontos. Se vigorasse o sistema atual, a diferença seria de 29 em 2007 e 41 pontos em 1997.
Quebrou o motor e...
...FOI CAMPEÃO
Sebastian Vettel (Red Bull), em 2010
Três pilotos disputavam a taça corrida a corrida em 2010. Na antepenúltima etapa, na Coreia do Sul, Mark Webber (Red Bull) liderava com 14 pontos de vantagem para Sebastian Vettel (Red Bull) e Fernando Alonso (Ferrari), que estavam empatados. Vettel fez a pole, com os rivais logo atrás. Na corrida sob chuva, Webber rodou, bateu e abandonou. O triunfo garantiria ao alemão a liderança isolada. Mas o motor da Red Bull explodiu a 10 voltas do fim. Alonso, que vinha em segundo, herdou a vitória e abriu 25 pontos sobre o rival. Só que Vettel ganhou no Brasil e em Abu Dhabi e, contando com um inesperado sétimo lugar do espanhol na última prova, conquistou o primeiro dos quatro títulos por só quatro pontos de vantagem.
...PERDEU O CAMPEONATO
Felipe Massa (Ferrari), em 2008
A Hungria era só a 11ª das 18 corridas da temporada, mas foi lá que Felipe Massa (Ferrari) perdeu pontos preciosos na luta pelo título contra Lewis Hamilton (McLaren). O brasileiro largou em terceiro, com o inglês na pole. Logo no início, porém, pulou para primeiro em uma baita manobra. A três voltas do fim, quando liderava e rumava para uma vitória incontestável, o motor da Ferrari explodiu na reta dos boxes. Massa perdeu 10 pontos, e Hamilton somou quatro, ao terminar em quinto. No fim do ano, o inglês conquistaria o seu primeiro título mundial por apenas um ponto, no GP do Brasil, em Interlagos.
Michael Schumacher (Ferrari), em 2006
Após enfileirar cinco títulos pela Ferrari entre 2000 e 2004, Michael Schumacher foi destronado em 2005 por Fernando Alonso (Renault). Os dois travaram uma batalha pela taça em 2006. Na penúltima corrida, justamente no Japão, os dois chegaram empatados em 116 pontos, após o alemão ter tirado uma vantagem de 17 pontos em cinco provas – no sistema atual de pontuação, em que a vitória vale 25 pontos, isso equivaleria a 41 de diferença. Em Suzuka, Schumi liderava a prova, com Alonso em segundo. Faltando 17 voltas para o fim, porém, o motor da Ferrari estourou – foi a primeira quebra do heptacampeão desde 2000. Alonso herdou a vitória e abriu 10 pontos. No GP do Brasil, que fechou a temporada, só precisava de um ponto para ser bicampeão – chegou em 2º, com Schumi em 4º.
*ZHESPORTES