Investir na aprendizagem de um segundo idioma é uma prioridade para muitos pais que desejam preparar os filhos para o futuro. Ser fluente em outra língua é visto como um diferencial tanto na educação quanto no mercado de trabalho. Mas será possível aprender dois idiomas simultaneamente, além do português?
A doutora em educação e professora na UniRitter Denise Ceroni afirma que há estudos mostrando essa viabilidade. A pesquisadora Valéria Iensen Bortoluzzi, doutora em Linguística, vai na mesma linha e comenta que isso pode começar antes mesmo do início da vida escolar.
Para os estudantes de Ensino Médio, ter acesso ao aprendizado de dois ou mais idiomas colabora para o desenvolvimento da língua portuguesa, pois as estratégias criadas pelos estudantes desenvolvem suas capacidades cognitivas.
— Os métodos que eles utilizam para aprender a sua língua são adaptados para o outro vocabulário. Isso só traz benefícios para a linguagem. Quanto mais o estudante for exposto a idiomas, mais facilidade ele terá — diz Valéria.
Segundo Denise, a neurociência refutou a ideia de que uma criança precisa ser alfabetizada primeiro no idioma nativo para depois aprender outra língua.
— Até os seis anos, as crianças estão com todas as possibilidades de aprendizagem afloradas. É importante uma imersão em uma nova cultura e isso é possível desde o início da vida — explica a professora. Ela ressalta a importância das metodologias e currículos adequados.
Projeto pedagógico
Para Denise, a introdução de outras línguas deve ser parte de um projeto pedagógico interdisciplinar e voltado para a formação integral dos estudantes.
— Não é apenas outro idioma incluído, mas um projeto que olhe para os campos do conhecimento e amplie os horizontes das crianças — afirma.
Valéria aponta que:
— É preciso que o aluno vire uma chave ao se comunicar em outro idioma — lembrando que isso acontece de forma quase inconsciente se o processo vier o mais cedo possível.
Ela ainda cita o exemplo do Uruguai, onde algumas escolas ofertam até seis idiomas além do espanhol. O aprendizado de um novo idioma também colabora para a criatividade e a promoção de um diálogo e uma compreensão cultural mais ampla e crítica.
Diversificar e ampliar
A pesquisadora relembra que a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) coloca como uma das funções da presença da aprendizagem da língua estrangeira nos currículos a capacidade de diversificar e ampliar o repertório dos estudantes.
Formar indivíduos com a capacidade de olhar criticamente o outro e sem perder a própria cultura como referência é um dos focos principais quando se fala em educação bilíngue ou plurilíngue.
— Não se pode pensar em aculturação quando se fala em ensinar outro idioma. É preciso sempre motivar o questionamento, para que o estudante não considere a outra cultura superior à sua, mas que saiba absorver o que há de bom em cada uma, assim como ser crítico às falhas e problemas do outro — finaliza Valéria.
*Produção: Padrinho Conteúdo