Interpretar textos não é apenas importante para o desempenho acadêmico, mas para entender situações cotidianas. Desenvolver essa capacidade é um processo desafiador e que chega cedo na vida escolar das crianças.
Por isso, não bastam as atividades em sala de aula para formar um novo leitor que compreenda o que está lendo. A família precisa se envolver. Conforme especialistas, ler não é natural como falar. Requer instrução e o cérebro não está naturalmente preparado para isso.
A criança precisa aprender os códigos, os sons, praticá-los muitas vezes. Contudo, ainda que possa ler, a compreensão não é automática.
— Em um primeiro momento, ela decodifica o código. A demanda cognitiva dela está toda focada na relação grafema e fonema, na identificação do símbolo e na leitura de palavras. À medida que vai avançando, ela chega à leitura fluente e só então a demanda cognitiva dela estará focada na compreensão do que está lendo — recomenda a coordenadora pedagógica do 1º e 2º anos do Ensino Fundamental do Colégio Marista Rosário, Luiza Emmel.
Para que a criança seja capaz de fazer uma leitura compreensiva, ela precisará ser estimulada a se questionar sobre o que leu para fazer essas conexões entre o que viu e o que entendeu.
— Essa mediação propicia uma discussão, uma reflexão crítica e também uma ampliação (de conhecimentos) para além do que está escrito no texto. É importante fazer questionamentos como: “Sobre o que fala o livro?”, “O que você entendeu da história?”, “Se você pudesse inventar um final diferente, como seria?”. É fugir um pouquinho do óbvio para fomentar outros tipos de reflexão. Hoje, as crianças têm capacidade crítica para refletir de forma aprofundada sobre os textos que elas leem — afirma Luiza.
A professora sugere que as famílias dediquem um momento do dia para ler com a criança ou ouvi-la contando uma história – o que desenvolve a habilidade de explicar algo com suas próprias palavras. Deve ser um momento de diálogo, de discutir diferentes temáticas com as crianças, de acordo com sua faixa etária. O conselho final é “respeitar o tempo da criança”.
— Às vezes, a criança ainda não tem essa competência de interpretar de acordo com a expectativa do adulto. Então é importantíssimo que a família respeite o ritmo de leitura dos estudantes, seu desenvolvimento no momento dessa leitura — explica.
*Produção: Padrinho Conteúdo