Com o objetivo de promover a conexão e o empreendedorismo, a Universidade Feevale realiza, nesta semana, o Feevale Summit. Gratuito, o evento ocorre na quinta (14) e na sexta-feira (15), no Campus II, em Novo Hamburgo, e é aberto ao público. As inscrições para as atividades podem ser feitas neste link.
Entre as atividades previstas, está a palestra com Nina Silva, uma das fundadoras do Movimento Black Money – hub de inovação para inserção e autonomia da comunidade negra que fomenta o letramento identitário e o mindset de inovação no ecossistema afroempreendedor. A executiva falará sobre tecnologia para o impacto social no encerramento da programação, na sexta-feira, às 20h.
Na abertura, que ocorre na quinta, às 20h, o comunicador Marcos Piangers fará a apresentação Protagonismo e felicidade: a mudança que você faz no mundo. A entrada para ambas as conferências acontece mediante doação de 2kg de alimento não perecível.
Ao longo do Feevale Summit, ocorrerá a Feira de Empregabilidade, que permitirá a interação entre o mercado de trabalho e a formação profissional. Nos dois dias de atividades, das 9h30min ao meio-dia e das 13h às 19h30min, na Rua Coberta, interessados poderão visitar expositores, que apresentarão diferentes marcas e a filosofia adotada por cada empresa. Na ocasião, serão disponibilizadas mais de 1,2 mil vagas, entre estágios, aprendizagens e efetivos, em diferentes áreas. Será possível cadastrar currículo na hora.
Haverá, ainda, a competição de aceleração de startups chamada Like a Boss, os espaços abertos de colaboração Open Labs e Open Park e uma rodada de negócios. Outros dois ambientes abrigarão uma série de pequenas palestras, de cerca de 30 a 40 minutos: o Palco 360, na Rua Coberta, e o Palco Sicredi, no Espaço Juntos, com foco em inspirar e apresentar tendências. Os debates serão ministrados por nomes de destaque nos mercados de criatividade, tecnologia e inovação. A programação completa pode ser conferida aqui.
Um dos nomes confirmados é Gabriel Grabowski, doutor em Educação, palestrante e graduado em Filosofia Plena. Em entrevista a GZH, o docente, que falará sobre educação, inovação e felicidade, defendeu que a educação e a inovação devem colaborar para o bem-estar do aluno e para a sua busca por uma vida feliz.
O que educação, inovação e felicidade têm a ver entre si?
Desde o ano passado, a Feevale tem uma disciplina optativa sobre felicidade e a arte do bem viver para todos os alunos de todos os cursos. Ela tem gerado importantes reflexões sobre a importância de o tempo de estar na universidade e na escola precisar ser um tempo de felicidade, também. Precisa ser um tempo de vida boa e feliz. Que a gente não fique postergando para ser feliz depois que estudar, depois que se formar. Educação e inovação devem também, no nosso entendimento, colaborar para o bem-estar do aluno, para uma vida boa e uma vida feliz dos nossos estudantes.
Como a inovação pode ajudar o estudante a ser feliz?
Em estudos de vários campos de saber, verifica-se que a gente precisa ter sempre um propósito e um sentido para o que a gente faz na vida. E, quando nos propomos a inovar algo, é importante que esse algo tenha um sentido e um propósito, especialmente para a realização de um projeto das pessoas. A inovação tem que colaborar com ambientes, com relações e com conexões que tornem as pessoas mais satisfeitas com a vida que levam, com propósito e com sentido. Não existe inovação sem educação.
Ao mesmo tempo, a tecnologia pode trazer solidão para as pessoas.
Eu entendo que não é a tecnologia ou a inovação em si que trazem a solidão: é o uso equivocado que a gente faz delas. A Unesco agora lançou um relatório sobre o uso excessivo de tecnologias. O problema não é a tecnologia, mas o excesso do seu uso, ou o seu uso indevido. Estamos tirando cinco, sete, oito horas por dia para ficar conectados em tecnologia, e, quando a gente pergunta no que se está usando essa tecnologia, a resposta é: “Estou olhando o que os outros estão postando”. Esse é um tempo perdido, né? É um tempo que você poderia ocupar para relacionar-se melhor com as pessoas, para olhar a natureza, para viver com seus amigos, seus pares, seus colegas de trabalho. Eu preciso usar a tecnologia a meu serviço, e não ser usado pela tecnologia. Mas não existe um manual para a felicidade e não existe uma única felicidade. Cada um tem que descobrir as suas felicidades e precisa vivê-las no presente, tá? O que a gente quer alertar é de que se não deixe para viver as suas experiências de felicidade no futuro.
O senhor começou a nossa conversa falando que o tempo de estudar precisa ser um tempo feliz. Ele não costuma ser?
Para alguns, não é. Tanto que muitos se sentem, às vezes, estressados, angustiados nesse ambiente. E uma das reflexões no campo da filosofia é de que a felicidade precisa ocorrer ao longo de todos os dias, não só quando eu termino o expediente, termino as aulas, quando eu me formo, quando eu estou de férias, ou no final de semana. Nossos dias precisam ser vividos como experiências, e experiências o mais agradáveis possíveis. E as relações que nós estabelecemos, seja na escola, na universidade, entre estudantes, entre professores, contribuem muito para esse ambiente de bem-estar e tranquilidade, e não de estresse e preocupação que acabamos nós mesmos produzindo.
Então, na verdade, a felicidade tem mais a ver com as relações sociais do que com um propósito?
Também tem a ver com o propósito, mas a aprendizagem em educação necessariamente é uma relação humana. Ela é um processo relacional e humano que ele tem que ser prazeroso, amigável, confortável, para que a felicidade se manifeste. Nós não podemos transformar os processos de estudar e trabalhar em algo pesado, estressante e desgastante. Ao contrário: nós podemos ressignificá-los. Nós precisamos também ter atenção para essas dimensões, para que ele seja, no caso, prazeroso e que nos cause um bem-estar durante esses períodos, esses dias e esses anos que nós ficamos estudando e trabalhando.
Como se torna esses processos mais prazerosos?
A ideia de relacionar a educação com a inovação é que cada um tem que buscar, a partir da sua formação, da sua educação, conquistar a felicidade. A felicidade não se acha, a gente a conquista, a gente a constrói ao longo da vida, a constrói com as nossas opções, com as nossas relações e com a nossa participação efetiva. E ela não é algo que vai se encontrar. Ela vai se manifestar em várias experiências que nós dermos para elas atenção, sentido, significado e, principalmente, compartilhar isso junto com os outros com os quais nós vivemos cada dia de nossas vidas.