A Casa de Cultura Mario Quintana, no centro de Porto Alegre, sediou neste sábado (13) a exposição "O que os negros fazem na UFRGS", iniciativa do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul para valorizar realizações acadêmicas de afrodescendentes.
Em três diferentes andares do prédio histórico, aconteceram também apresentações artísticas, debates e homenagens à memória de Oliveira Silveira, poeta negro morto em 2009, graduado em Letras pela UFRGS e ativista de movimentos contra o racismo.
Os atos deste sábado fizeram alusão ao Dia da Consciência Negra, celebrado no dia 20 de novembro.
Oliveira Silveira foi tema de um debate, ocasião em que seu legado foi resgatado. O estudante de História Patrick Veiga, membro do DCE da UFRGS, disse que o poeta deverá receber o título de doutor honoris causa da universidade como homenagem póstuma. A comissão especial que analisa a concessão da honraria, integrada por Veiga, já elaborou um parecer favorável que deverá ser votado na próxima sessão do Conselho Universitário.
Veiga ainda comentou que, em 2022, haverá uma revisão da política de cotas raciais para ingresso na universidade pública no Brasil. Essa análise está prevista em lei, após um período de 10 anos de efetividade da legislação.
Para Veiga, há motivo para preocupação porque tramitam no Congresso 37 projetos de lei de diferentes vertentes sobre a normatização de cotas raciais: parte pretende prorrogar a política, outra parcela amplia o acesso para outros grupos e, por fim, há propostas que buscam trabalhar com o conceito de cota social, pelo recorte econômico, e não mais racial.
— Queremos debater a importância das cotas raciais para mostrar que os negros e negras que entram nas universidades públicas não estão somente ocupando vagas, mas contribuindo para a construção da ciência, da pesquisa e de projetos de relevância social, trazendo para a universidade um olhar diferenciado em relação ao que tínhamos antes da política de cotas — diz Veiga, favorável à prorrogação do mecanismo.
Em uma das salas que abrigava a exposição "O que os negros fazem na UFRGS" estava destacado o trabalho de Dezyree Rodrigues da Rosa, estudante que ingressou na UFRGS pelo sistema de cotas raciais para cursar Ciências Jurídicas e Sociais. Ela venceu o Prêmio Destaque na Iniciação Científica e Tecnológica do CNPq em 2015. Outros feitos relevantes como o da jovem Dezyree estavam espalhados pela exposição, destacando estudantes negros.
Também houve espaço para manifestações culturais do movimento Meninas Crespas, com a participação de crianças e jovens entre cinco e 15 anos. O grupo, convidado para fazer participação especial no evento, tem o objetivo de valorizar a cultura e a estética negra. Neste sábado, na Casa de Cultura Mario Quintana, recitaram um poema de Oliveira Silveira e promoveram apresentação de dança.