O retorno obrigatório das aulas presenciais, divulgado nesta quarta-feira (27) pelo governo do Estado, provocou divergências em entidades ligadas à educação e fez os pais, que pretendiam manter os filhos no ensino remoto, mudarem os planos.
O Sindicato do Ensino Privado (Sinepe/RS) comemorou o anúncio. Conforme o presidente da entidade, Bruno Eizerik, a medida atende a uma demanda levada ao Comitê de Crise Estadual desde agosto.
— Entendemos que é seguro esse retorno uma vez que 100% dos professores e funcionários já receberam a imunização completa contra a covid-19, e a vacinação tem avançado entre os adolescentes — afirmou.
A entidade que representa os professores do ensino privado, o Sinpro/RS, considera importante o retorno, mas ressalta a necessidade de as escolas se manterem vigilantes aos protocolos
— Está sendo muito trabalhoso para o professor manter duas turmas (a presencial e a remota) sendo atendidas diariamente e também não podemos esquecer a importância da proximidade para o aprendizado. Por outro lado, há uma preocupação com o seguimento dos protocolos por parte de todos os alunos — analisou a diretora do Sinpro/RS, Cecília Farias.
O Sindicato dos Professores da Rede Estadual (Cpers), por sua vez, entende que a obrigatoriedade da volta às aulas ocorre de forma autoritária e colocará os professores, alunos e pais em risco.
— Temos recebido muitas consultas dos pais preocupadíssimos porque ainda não se sentem seguros para enviar seus filhos. Muitos alunos têm comorbidades, e os pais questionam: "Se os alunos ainda não foram vacinados, por que voltar já que estamos quase no final do ano?" — destacou a presidente do Cpers, Helenir Schürer.
Pais também alteram programação
Um levantamento realizado pelo Sinepe/RS em agosto apontou que 22,7% dos estudantes ainda permaneciam no ensino remoto nas 142 instituições privadas ligadas à entidade. Destes, 72,1% era por opção dos pais, os outros 17,7% por comorbidade, 6,8% não especificaram o motivo e 3,4% não responderam à questão.
Dentro deste percentual está a jornalista Andreia Fantinel, 42 anos, mãe do Ivan, de nove anos. O filho segue tendo aulas remotas e, com o anúncio do retorno obrigatório as aulas, ela precisou alterar o planejamento e preparar o menino para a volta presencial.
— Já vínhamos conversando e ele ia voltar para a escola no ano que vem. Ele está muito incomodado com a notícia, pois só queria retornar já com a vacina. Estávamos nos preparando aos poucos e agora vem esse “rojão” — lamentou.
Há preocupação também para os pais que seguiam com os filhos no ensino remoto na rede estadual. A lojista Karina Behenck Model, de 42 anos, aguarda por um comunicado do colégio do filho Leonardo, de 13 anos, para saber como será a retomada. O menino é aluno da Escola Estadual de Ensino Fundamental Ildefonso Gomes e vinha tendo regularmente aulas online.
– Essa semana ele quase não teve aula pelo notebook. Vamos entrar em contato com a escola para saber como vai funcionar o retorno. Eu, particularmente, não queria que ele voltasse sem a segunda dose. Já estamos em novembro, poderia seguir neste modelo e voltar só no ano que vem – afirmou.