Impedido pela Justiça de liberar as aulas presenciais para a Educação Infantil e para o primeiro e segundo ano do Ensino Fundamental, o governo do Rio Grande do Sul seguirá tentando reverter a decisão. No início da semana, a Procuradoria-Geral do Estado (PGE) pediu ao Supremo Tribunal Federal a suspensão da liminar.
Em entrevista à Rádio Gaúcha nesta quinta-feira (8), o governador Eduardo Leite disse que precisa aguardar a decisão, mas garantiu que tentará todos os recursos possíveis e que "não vai descansar" enquanto não conseguir a liberação das atividades. Para ele, a falta de socialização das crianças poderá afetar o desenvolvimento delas:
— Eu posso garantir uma coisa: eu não vou descansar enquanto não criar condições para o retorno presencial da Educação Infantil e das séries iniciais. Eu entendo que não estão avaliando o impacto profundo, as cicatrizes que deixaram nessas crianças, para os futuros adultos que serão, por cercear seu desenvolvimento integral. E não estão avaliando uma série de outras questões. A escola é o principal braço do poder público na periferia e em bairros mais vulneráveis, como estrutura de referência para famílias que mais precisam do governo. Elas não podem estar fechadas, precisam funcionar. São oportunidades de identificar outros problemas de saúde, violência doméstica, abuso sexual — disse o governador ao programa Gaúcha Atualidade.
Leite lembrou que o governo desembolsou mais de R$ 200 milhões para a compra de 50 mil notebooks para os professores da rede, mas fez a ressalva de que muitos alunos não têm condições de acesso a equipamentos eletrônicos. Ele disse também que crianças pequenas não conseguem prestar a atenção em aulas remotas, mesmo quando têm acesso.
— Não se consegue prender a atenção de uma criança de quatro anos na aula virtual. E no presencial, mesmo com modalidade híbrida, com redução de turmas e da permanência, (o aluno) tem que estar presente. Não é somente o desenvolvimento cognitivo, mas da habilidade, estímulos, desenvolvimento emocional. Precisa encontrar os colegas, ter interação com outras crianças. Se não houver isso, deixa marcas profundas.
O governador também defendeu a antecipação da vacinação dos professores, principalmente para as séries iniciais.
— Já pedimos isso formalmente para dar esse conforto aos professores, segurança para o retorno. Entendo que tem que começar pelos professores da Educação Infantil. É urgente esse retorno. Mas tenho que cumprir o plano nacional de vacinação, sob pena de depois ser atacado por algum desvirtuamento do uso das doses como são disponibilizadas.
Flexibilização de atividades
O Gabinete de Crise do governo do Estado discute nesta manhã a possibilidade de liberar novas atividades no Rio Grande do Sul, como a abertura de estabelecimentos nos finais de semana. Sem antecipar a decisão que será tomada, Leite foi enfático ao afirmar que a liberação só ocorrerá se as prefeituras se comprometerem com a fiscalização.
— A gente quer dar esse passo, mas tem que ter segurança de que não vai virar um vale-tudo, um libera geral — disse.
Para Leite, é necessário conciliar economia e saúde, já que, ao mesmo tempo em que os hospitais enfrentam sobrecarga, as pessoas precisam trabalhar para garantir sustento. Assim, solicitou às prefeituras que entreguem planos de fiscalização. Além disso, o Estado colocou as forças da Brigada Militar e da Polícia Civil para ajudar na garantia do cumprimento das regras.