Professores da rede estadual de educação do Rio Grande do Sul realizaram um protesto contra a volta às aulas presenciais na manhã desta quarta-feira (19) em frente ao Palácio Piratini. A manifestação teve número restrito de participantes e contou com um telão que reproduziu depoimentos de pais e professores contrários à retomada das aulas. O governo do RS propõe a volta gradual e escalonada das aulas a partir de 31 de agosto nas redes pública e privada.
— Estamos alertando que, se abrir sem estarmos numa curva descente da pandemia no Rio Grande do Sul, podem ocorrer muitas mortes. Não temos profissionais para a higienização necessária e nem estrutura para receber os alunos. A data para voltar é quando tiver a vacina — pontuou a presidente do Cpers/Sindicato, Helenir Aguiar Schürer.
Os cerca de 40 manifestantes penduraram faixas em frente ao Palácio Piratini. O lema do Cpers, "escolas fechadas, vidas preservadas", foi entoado pelos participantes reunidos na porta da sede do governo gaúcho. A Brigada Militar (BM) e a segurança do palácio acompanharam a manifestação.
Pela sugestão apresentada pelo governo estadual, o primeiro nível a voltar seria a Educação Infantil. O Ensino Superior retornaria em 14 de setembro, o Médio e o Técnico, em 21 de setembro, os anos finais do Ensino Fundamental, em 28 de setembro, e os anos iniciais, em 8 de outubro. Pela proposta do Estado, somente nas regiões que estiverem em bandeira amarela e laranja pode haver retomada de aulas com os alunos.
— O momento é de proteger a vida, não voltar para as salas de aula. As carências na infraestrutura das escolas já existiam antes da pandemia e não tem como garantir a nossa segurança e a dos alunos — comentou a professora de história, Vivian Zamboni, que atua na Escola Estadual de Ensino Fundamental Desiderio Torquato Finamor, no bairro Agronomia, zona leste da Capital.
Após o ato, cruzes de cor preta foram amarradas em um gradil do outro lado da rua do Palácio Piratini. O Cpers realizou uma pesquisa com professores, funcionários, pais e alunos em 253 cidades do Estado. Entre os dias 27 de julho e 12 de agosto, foram ouvidas 3 mil pessoas que contemplam 730 escolas.
— 86% dos entrevistados disseram que não é possível retomar as aulas sem vacina. Apenas 6% responderam que é possível e os demais afirmaram não saber. Eu pergunto: como crianças vão fazer distanciamento? Por enquanto, escola fechada é vida preservada — afirmou a presidente do sindicato.
Ainda conforme a pesquisa, 84% dos pais disseram que não mandariam os filhos à escola antes da disponibilização de uma vacina — apenas 5% levariam e 11% não opinaram.
Nesta terça-feira (18), a idealizadora do modelo de distanciamento controlado, Leany Lemos, garantiu que, quando houver o retorno de aulas presenciais, será garantido a pais e alunos a possibilidade de ensino remoto. Segundo Leany, que coordena o Comitê de Dados do Gabinete de Crise do governo do Estado, a alternativa a distância para quem não se sentir seguro com a volta presencial valerá para todos os níveis de ensino.
— Se os pais não quiserem mandar (os filhos) para a escola, acharem que não é seguro o suficiente, isso será respeitado. As crianças e os adolescentes manterão seu ensino remoto — garantiu Leany, em entrevista ao Gaúcha Atualidade.
O protesto nesta manhã durou uma hora e contou com a participação de representantes do CPERS, da Associação de Mães e Pais pela Democracia (AMPD), da Associação de Orientadores Educacionais do RS (Aoergs) e da União Gaúcha dos Estudantes Secundaristas (UGES) participam da manifestação.