Na minha experiência profissional de mais de 30 anos, percebo um ponto que as pessoas têm grande dificuldade de lidar no dia a dia: administrar suas reações aos próprios erros. É bastante comum observamos a dificuldade do ser humano para reconhecer suas falhas. Na maioria das vezes, procuramos justificar nossas atitudes, temos dificuldade em assumir responsabilidades e até escondemos nossos erros. No fundo, acabamos sentindo grande culpa quando erramos.
Todas essas reações têm uma origem na educação que recebemos quando crianças. Sempre que falhávamos de alguma maneira, recebíamos críticas muito severas, principalmente quando reincidíamos no mesmo erro. Desde a escola, quando errávamos uma resposta na sala de aula, nossos colegas riam e debochavam de nós.
Estas experiências se transformam em uma marca com maior ou menor intensidade, de pessoa para pessoa, dependendo da estrutura de personalidade de cada um. Em alguns casos, essas experiências podem ter sido bastante traumáticas, desenvolvendo um comportamento defensivo para que essas situações não ocorram novamente.
Esse tipo de trauma deixa traços muito evidentes nas pessoas. Alguns deles são a introversão, que resulta em comunicar-se pouco; o gosto por trabalhar sozinho, pelo receio de se relacionar com outras pessoas; uma dificuldade de manifestar opiniões e se expor em público; limitações para exercer cargos de liderança e se posicionar; não conseguir dizer não; e até um grau de exigência muito elevado, uma maneira de evitar situações que relembrem antigos traumas.
Estes são comportamentos que refletem o medo de errar, de não cumprir com as expectativas dos outros, medo de não se sentir valorizado pelas pessoas e o receio de ser rejeitado. E tudo isto acontece de maneira inconsciente.
Todas essas situações impactam diretamente nos nossos relacionamentos e nos afastam de oportunidades que aparecem a todo momento nas nossas vidas. É preciso termos consciência de que é importante não evitarmos determinadas situações, tais como apresentações de trabalhos, interações sociais e relações interpessoais. É preciso arriscar e encarar de maneira diferente se porventura algum erro venha a ocorrer.
Por isso, é importante fazermos uma ressignificação destes sentimentos. Temos que entender que algumas das situações vivenciadas nos tempos de criança, hoje, não têm mais o significado que tinham naquela época. A compreensão que tivemos dessas situações deve ficar para trás e ser substituída por um novo significado que reflita a realidade do momento.
Não quero de forma alguma fazer apologia ao erro, mas, sim, à importância do erro na aprendizagem. Se o caminho traçado não era o correto, é importante interpretar os erros e tomar novas atitudes para alcançar melhores resultados. Ninguém em sã consciência erra de propósito ou por maldade. O erro, de uma certa maneira, é necessário para que se alcance o sucesso.
Então, quero te deixar um desafio: se exponha mais, arrisque mais, fale mais o que pensa, discorde das pessoas quando você achar que isto é importante, se posicione mais. Essas são atitudes que levam ao aprendizado e consequentemente os erros diminuirão. Observe se seus comportamentos não são motivados por experiências ruins do passado.Permita ser alguém de que você venha a se orgulhar!
*Claudio D'Amico é coach executivo, especialista em Ferramentas de Gestão de Pessoas, psicólogo e sócio diretor da Missel Capacitação Empresarial. Excepcionalmente neste sábado a coluna foi escrita por ele