Faça de tudo – ou não faça nada – para manter seu emprego. Apareça o menos possível, ou pode sobrar para você. Frases como essas estão tomando conta dos ambientes de trabalho. Para quem tem um negócio, é a hora de passar a tesoura nas unhas até sangrar as pontas dos dedos. Em tempos de crise, a palavra de ordem é o medo. Tem gente aceitando absurdos para manter aquele emprego que sempre detestou e atendendo o cliente de qualquer jeito para tentar sobreviver. Será que tem valido a pena?
Vamos lembrar um pouco sobre quando éramos crianças. Quando era o momento ideal para brincar, em um dia de sol ou o dia de chuva? É óbvio que nossos pais preferiam o dia de sol, mas você deve se lembrar de como era gostoso brincar durante uma chuva de verão, quanto mais água, melhor. E quando fazia muito frio, o parquinho estava sempre vazio e os brinquedos todos disponíveis para os mais corajosos.
É mais ou menos o que acontece em tempos de crise, alguns se escondem em casa. Entediados, ficam olhando o tempo passar devagar no relógio. Escutam dos pais o sermão de que se saírem na chuva vão se molhar, ficarão gripados e, para os mais exagerados, que vai cair um raio em nossas cabeças. O perigo existe, mas também a chance de conseguir oportunidades únicas, que poucas pessoas exploram por não ter a confiança necessária para arriscar – a maioria teme o raio.
Na verdade, o risco é relativo, é controlável. Como no exemplo da chuva, há riscos aceitáveis, como tomar banho de chuva em um dia quente, ou procurar maneiras de se prevenir das intempéries do tempo. Galochas e capas de chuva podem te ajudar a se manter seco por um tempo necessário para esquentar o corpo ou a chuva se tornar mais esparsa. Na vida profissional, essa proteção seriam suas reservas, ajuda de profissionais da área, a parceria com empresas consolidadas ou amigos com influência em determinados mercados.
Ainda assim, há quem prefira atividades indoor, com telhado e climatização. Até certo ponto é algo muito bom, porque você aprende a fazer as coisas sem muitos riscos. Você pode ensaiar suas atividades profissionais dentro de uma empresa que te dê mais liberdade, talvez uma empresa pequena tenha menos recursos, mas pode permitir que seu conhecimento seja muito melhor aproveitado e bem recompensado. O importante é notar que seu trabalho faz sentido para a empresa, para a sociedade e para você.
Ah, mas o bom mesmo é correr na grama, subir e descer no escorregador, girar até ficar tonto no gira-gira e ralar os joelhos na areia de vez em quando. Talvez não seja algo para fazer todos os dias mesmo, mas toda criança que vejo fazer isso é bem mais feliz, ou melhor, mais humana. Na vida adulta isso também é lindo de ver, porém mais difícil. Quando crescemos, acabamos tendo muito mais histórias para justificar os porquês não do que os porquês sim.
Vivemos a vida através do culto ao médio. Fugimos dos extremos por medo de acabarmos sozinhos com nossas escolhas diferentes. Assim, nos distanciamos da vida que gostaríamos de viver e nos contentamos com a vida que nos foi escolhida. Lembre-se que cada momento é único e que jamais tornará a acontecer. Até quando você vai esperar o tempo perfeito para brincar lá fora? Melhor que isso é abrir a porta e brincar de qualquer jeito e voltar ao fim de cada dia com uma ótima história para contar para quem estiver te esperando. Um banho de chuva ainda é a melhor maneira de lavar a alma.