Líderes religiosos avaliaram como positiva a escolha do tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano. Os estudantes que fizeram a prova no domingo tiveram de desenvolver uma redação sobre os Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil. A redação seguiu a tendência das provas dos últimos anos de tratar temas sociais. Na avaliação dos líderes, a iniciativa estimula a reflexão dos jovens.
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O presidente da Associação Brasileira dos Templos de Umbanda e Candomblé (Abratu), pai Guimarães, disse que o tema é pertinente em um momento de desrespeito às liberdades.
– Se queremos a liberdade amanhã, temos de semear hoje, e nada melhor que colocar essa ideia de liberdade de convivência com o diferente que abordá-la com nossos jovens – disse.
Para ele, trazer o tema para discussão entre os jovens é importante para a construção de uma sociedade mais igualitária.
– Intolerância, racismo, preconceito são uma questão cultural e educacional, se aprende. A pessoa não nasce racista e intolerante, ela se torna de acordo com a educação que recebe. Se no berço da educação você traz o jovem para a discussão do que está acontecendo, estamos semeando uma nova safra de cidadãos – avalia pai Guimarães.
Para o bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte, dom João Justino, o tema foi oportuno para a realidade brasileira marcada pelo crescente pluralismo religioso.
– O diálogo deve ser um dos fundamentos para uma convivência saudável entre pessoas que professam credos diferentes e até com aquelas que se posicionam como não crentes – disse.
Na avaliação de dom João Justino, é preciso eliminar da sociedade expressões preconceituosas e desrespeitosas no tratamento dos membros de outras comunidades religiosas:
– Existe o risco do bullying religioso que fere a integridade da pessoa.
O pastor e vice-presidente da Federação das Igrejas Evangélicas do Estado do Ceará, Gilberto Gomes, elogiou o tema e disse que considera haver na atualidade uma confusão de opiniões em relação ao social, à religião, à tolerância e a intolerância.
– É uma discussão importante principalmente para nossa juventude, um tema que nossos jovens tem que aprofundar mais – comentou.