A oferta de 556 vagas de trabalho fez 2 mil pessoas enfrentarem a chuva e uma fila que chegou a fazer uma volta e meia no quarteirão da Sede do Campus do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), no Centro de Porto Alegre, em mais um mutirão de emprego do Empregar-RS promovido pela Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social (FGTAS) nesta quarta-feira.
Em Porto Alegre e Região Metropolitana, foram ofertadas 972 vagas para funções como auxiliar de limpeza, serviços gerais, porteiro, zelador, operador de caixa, fiscal de loja, assistente de venda e empacotador.
Trinta empresas realizaram entrevistas de emprego, palestras e orientação profissional para vagas com salários que variavam de R$ 514,90 (para jornada diária inferior a oito horas) a R$ 2.424,52. Quem estava na fila aguardando a oportunidade de fazer uma entrevista não se importou em se abrigar debaixo das marquises ou ficar de pé com o guarda-chuva na mão.
O número total de atendimentos não foi contabilizado pela FGTAS pois houve queda de energia por uma hora durante a tarde, o que prejudicou a contabilização via sistema. Nas agências FGTAS de Canoas, Esteio, Gravataí, Guaíba, Novo Hamburgo, São Leopoldo e Viamão foram feitos 1.776 atendimentos.
O diretor-presidente FGTAS, Gilberto Francisco Baldasso, afirma que o movimento de candidatos já eram esperado. Com a chegada do final do ano, a tendência é de aumentar ainda mais o número de pessoas em busca de emprego:
– O desemprego não escolhe idade e vem se agravando desde 2015. Quem consegue um emprego considera como se fosse um prêmio. Só de passar pela triagem e ser entrevistada, a pessoa já respira diferente.
Leia mais:
"Quando vi essa fila, me apavorei", diz desempregado que estava entre os mais de 3 mil em busca de uma vaga
Por que os jovens são os mais afetados pelo desemprego?
Ficou desempregado? Conheça seus direitos e veja dicas para enfrentar o sufoco
Desemprego não escolhe idade
Primeira oportunidade
Há um ano em busca do primeiro emprego, Gabrielle Duarte Vaz, 18 anos, chegou às 7h na esperança de conquistar uma vaga de recepcionista, secretária ou atendente de loja. Moradora da Restinga, no Extremo-Sul de Porto Alegre, pegou dinheiro emprestado da mãe para vir de ônibus até o Centro. _ Sinto que são poucas vagas abertas, é muita concorrência e sempre pedem experiência _ diz ela, que concluiu ensino médio o ano passado e que quer guardar dinheiro para fazer curso técnico em enfermagem.
Nossa Senhora Aparecida
É a primeira vez que o trabalhador da construção civil Marino Ramos, 42 anos, de Sapucaia do Sul fica sem emprego. Há duas semanas ele procura uma recolocação no mercado em vagas para zelador e vigilante. Para participar da seleção, acordou às 5h e chegou ao local às 7h._ Esta é a quarta entrevista que farei em duas semanas. Estou achando que as empresas estão cada vez exigentes, parece que não querem dar a vaga _ diz ele, que foi pilchado para a entrevista e com um cinto com fivela de Nossa Senhora Aparecida para dar sorte.
"Se ficar parada, não consigo nada"
Desempregada há um mês, Cenira Rodrigues dos Santos, 58 anos, já encaminhou 15 currículos e não recebeu retorno de nenhum deles. Ontem, saiu de Guaíba, enfrentou a chuva e uma manhã inteira na fila para tentar se recolocar em alguma vaga de auxiliar de serviços gerais. _ Quando cheguei aqui, não encontrava o fim da fila. Corro muito atrás de emprego, se eu ficar em casa parada não vou conseguir nada.