Estudantes e pais de alunos da rede estadual em Porto Alegre foram até as escolas, nesta manhã de segunda-feira, esperando encontrar portões abertos, mas depararam com grades e cadeados em pelo menos quatro instituições. As paralisações são resultado das ocupações que se espalharam pelo Estado.
No Colégio Julio de Castilhos, um grupo de alunos que integra o movimento informava aos pais e estudantes que as aulas não serão retomadas nesta segunda-feira. Uma das estudantes interessada em voltar às aulas era Eduarda Fernanda de Oliveira, 17 anos, do segundo ano do Ensino Médio.
– Quando surge uma notícia de que as aulas podem voltar, eu venho para ver se vai ter aula mesmo – disse.
As dúvidas quanto à retomada das atividades ganharam força durante o final de semana. O governo do Estado enviou, no sábado, uma mensagem de áudio para pais e alunos das escolas pedindo "colaboração para que os estabelecimentos estivessem abertos nesta segunda-feira".
O grupo de ocupantes diz que não há prazo para término do movimento.
– Após a mensagem do governo, fizemos uma campanha no WhatsApp e no Facebook para avisar que a ocupação seria mantida. Pelo visto, funcionou, porque até agora pouca gente veio – afirmou Horácio Moraes Wolfart, 16 anos.
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Já na Escola Estadual Paula Soares, mães estavam reunidas em frente à instituição no começo da manhã. Uma delas, que não quis se identificar, disse que apoiava as ocupações, mas que o movimento deve ser concluído para que as atividades sejam retomadas. Segundo a mulher, o filho, que é aluno do sexto ano, deseja ter aula.
– Agora, vou ter que voltar correndo e deixá-lo em casa – declarou.O grupo de mães está conversando com outros pais sobre a situação na Paula Soares. Elas afirmam que pretendem entrar com ação na Justiça pelo direito às aulas se a situação não for normalizada.
– Vamos entrar com uma ação pelo direito de volta às aulas. Temos apoio de pais da Paula Soares, Emílio Massot, Protásio Alves, Ernesto Dornelles – disse Rosângela Lens, mãe de uma jovem do sétimo ano do Ensino Fundamental.
Sem conseguir acesso aos documentos da filha, Rosângela diz que conseguiu uma autorização da Secretaria de Educação para trocar a filha de escola e, assim, a menina não correria o risco de perder o ano.
– Ela estudou aqui no Paula desde o primeiro ano. Eu quero que ela volte para cá – afirmou.
Nas escolas Padre Reus, no bairro Tristeza, e Protásio Alves, no bairro Azenha, o portão estava trancado, mas não havia movimentação de estudantes e pais em frente.
O movimento já dura 34 dias. Em 11 de maio, um grupo de estudantes do Colégio Estadual Coronel Afonso Emílio Massot decidiu ocupar a escola, a primeira no Estado.