Praticidade e ganho de tempo estão entre os fatores mais citados pelos alunos do ensino a distância (EAD) no Brasil. A cada semestre, estudantes que vivem longe de capitais e moradores de cidades grandes que não poderiam se deslocar à universidade diariamente encontram no computador um caminho para tornar o diploma de Ensino Superior possível.
Por não contar diretamente com a figura do professor, o EAD costuma exigir dos alunos que capacidades como autonomia e autodeterminação estejam mais desenvolvidas do que em estudantes do modelo convencional. O desempenho está diretamente ligado ao grau de dedicação do aluno. Gestor da área de Educação & Cultura do Unilasalle, o professor Augusto Niche afirma que algumas pessoas chegam ao EAD pensando em se dedicar menos aos estudos e são surpreendidas por uma rotina que exige mais empenho do que o esperado.
– No EAD, o estudante vai realizar atividades orientadas, mas precisa se disciplinar, ter um momento destinado à leitura. É necessário se organizar porque o tempo livre pode ser uma armadilha –aconselha Niche.
Coordenador do programa Universidade Aberta do Brasil no Instituto Federal Sul-Riograndense (IFSul), Ricardo Rios Villas Boas chama a atenção para a responsabilidade de quem se matricula no EAD. Em alguns pontos, o método é mais rígido que o tradicional.
– No ensino presencial, há professores flexíveis com a entrega de atividades. No EAD, se passou das 23h59min, o sistema já não aceita o trabalho – exemplifica.
A avaliação de docentes é de que os alunos do EAD estão dispostos e comprometidos com a aprendizagem. Apesar de ser exigido, o estudante costuma usufruir de um sistema de ensino que propicia assimilar o conhecimento. Segundo Niche, as instituições têm investido em formas inovadoras de apresentar o conteúdo. O ambiente virtual tem recursos como hipertextos, links, simulações e bibliotecas virtuais. Cabe ao aluno, então, ser proativo para fazer o uso adequado do material didático.
Ainda que os ambientes virtuais amigáveis favoreçam a navegação intuitiva a quem tem apenas conhecimentos básicos de informática, é importante que o aluno que vai cursar EAD analise se o modelo se encaixa no seu perfil pessoal.
– Há quem seja mais analógico e precise da orientação constante do professor ou tenha a necessidade de folhear o livro físico. Por isso, não se adapta a este tipo de ensino – comenta Niche.
Formato híbrido é tendência
De olho na gama de possibilidades oferecida pelo virtual, os professores começam a explorar esses recursos também na sala de aula. A tendência, segundo o professor Augusto Niche, é de que o virtual e o presencial se misturem, dando origem a um modelo de educação híbrido, conhecido como blended learning.
– Cada vez mais o EAD e os objetos de aprendizagem vindos dele estarão inscritos nas estratégias e propostas do ensino presencial. Os professores de ambas as modalidades podem aproveitar os aplicativos, por exemplo, para estimular a educação por meio dos recursos digitais – explica Niche.
Segundo ele, a variedade de recursos digitais é quase infinita e abarca ambientes de alta ludicidade, com simulações, animações e atividades interativas, linguagens contemporâneas em tempo de cultura digital. Além disso, é possível acessar variadas fontes para a pesquisa.
Características do aluno EAD
• Organizado e proativo
• Capaz de adaptar os estudos às atividades pessoais e profissionais
• Responsável para entregar em dia atividades e trabalhos no decorrer do semestre
• Disposto a dedicar o mesmo número de horas exigidas em uma graduação presencial, ou até mais
• Disponível para se deslocar periodicamente ao polo de estudos