Vice-reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) desde 2008, Rui Vicente Oppermann, 65 anos, prepara-se para assumir o cargo máximo da instituição em um momento econômico especialmente delicado. Candidato mais votado na consulta feita no dia 16 à comunidade acadêmica, ele vai se tornar reitor em um cenário oposto àquele que conheceu nos mandatos mais recentes: depois de anos de grande expansão, a hora é de apertar o cinto.
O futuro reitor também terá de lidar com outras mazelas nacionais que acabam por imiscuir-se nos campi, como a falta de segurança e o aumento da intolerância. Na entrevista a seguir, Oppermann diz que vai combater esses males e que procurará fundos complementares, inclusive privados, para expandir os investimentos em ciência, tecnologia e inovação.
Graduado pela UFRGS e doutor em Odontologia pela Universidade de Oslo, na Noruega, onde viveu por quatro anos e chegou a ser medalhista em corridas de ski, Oppermann foi o mais votado em uma chapa que teve como vice a professora Jane Tutikian, do Instituto de Letras. No começo de julho, o nome da dupla deve encabeçar a lista tríplice que será encaminhada para ratificação do Ministério da Educação. A expectativa é que a posse ocorra até 20 de setembro.
Confira a entrevista:
Se o senhor tivesse de eleger uma prioridade para a próxima gestão, qual seria?
A prioridade maior para a universidade é a travessia nestes tempos de dificuldade econômica que estamos enfrentando. A gente entende que isso vai ser feito com um posicionamento da universidade frente à sociedade, buscando fontes de recursos públicos e privados que viabilizem os planos de expansão que a universidade tem nas áreas de ciência, tecnologia e inovação.
O senhor pensa em buscar fundos privados?
Com certeza. A universidade tem captado recursos em diferentes locais. Não só públicos, mas também privados. Esses recursos estão disponíveis nacional e internacionalmente. Por exemplo, há pouco tempo o Instituto de Informática foi contemplado em edital do banco Brics. Não se pode dizer que seja privado, mas é uma entidade fora da esfera do governo federal. O banco Brics está financiando ciência, tecnologia e inovação em uma proposta que o Instituto de Informática fez.
Essa estratégia envolve ofertar pesquisas que sejam atraentes para investidores no setor privado?
Sim. Temos um parque científico e tecnológico, que está trabalhando com a sua implantação física, mas que na verdade já existe sob o ponto de vista de parcerias com diferentes laboratórios da universidade. Temos incubadoras de biotecnologia, informática, engenharia. Essas parcerias já existem no mundo privado, de certa forma ainda tímidas. Mas entendemos que se pode buscar, com o próprio Hospital de Clínicas, na área da saúde, o desenvolvimento de inovação e tecnologia que transfira o conhecimento produzido dentro da universidade por meio dessas parcerias.
Sempre foi uma dificuldade fazer com que a pesquisa realizada na universidade tenha uma aplicação no mercado. O que se pode mudar para tornar viável essa ideia?
Nós temos hoje um novo marco legal para ciência, tecnologia e inovação. É um conjunto de leis, de decretos, de regulações, que diz que a universidade pode buscar novas parcerias, novas interações com a sociedade, no sentido de desenvolver inovação e tecnologia. Esse marco legal ainda não está totalmente compreendido no âmbito da universidade. Estamos realizando seminários que nos deem a real dimensão de quais são as possibilidade de interação com a sociedade.
Que peso o senhor acredita que esse financiamento privado pode ter no orçamento da universidade?
Não vejo ele como um peso de substituição do orçamento público. O orçamento público tem de ser garantido, estabelecido e negociado com o governo federal. Nesse sentido, entendemos que o governo federal vai colocar, como sempre colocou, as universidades na prioridade do MEC. Isso já está acontecendo. Houve uma reunião nesta semana com o Ministério de Educação em que ficou acertada a construção do orçamento para 2017. Essas são as fontes públicas. Entretanto, a universidade tem de olhar para sua expansão também na área de inovação, e é aí que entra a questão do financiamento para além do público. Não podemos perder essas oportunidades.
Nós viemos de um período de grande valorização do sistema federal de ensino pelo governo, com expansão de vagas, de cursos, de universidades. Há algum temor de que esse período, com a recente mudança no governo, tenha acabado?
O que nós chamamos de Reuni, que foi essa expansão da rede federal, já terminou. O que havia de expansão foi feito. No final do governo Dilma foram criadas novas universidades, que ainda precisam ser implantadas. Essa expansão está dada. O que se trata agora é de consolidar. Temos, por exemplo, o campus Litoral Norte, que faz parte dessa expansão do Reuni e que temos a garantia do governo de que essa expansão terá financiamento para consolidação do resultado. Se haverá uma expansão além dessa, isso não está definido. Tudo indica que não. A grande preocupação do governo e nossa é consolidar o que tivemos e não recuar. Já está para lá de muito bom.
Nestes últimos anos, a UFRGS cresceu bastante, mas agora estamos em um momento de recessão. A universidade está sofrendo efeitos dessa realidade?
Já no segundo governo Dilma tivemos um contingenciamento, principalmente na questão de capital, que é investimento, obras, equipamentos. Nisso houve uma redução de 47% no ano de 2015. Mas ao longo de 2014 e 2015, o custeio, isso é, aquilo que permite à universidade fazer o seu dia a dia, sofreu muito pouco contingenciamento. O impacto é que novas obras não foram iniciadas. Apenas aquelas que estavam dentro do nosso orçamento. Por exemplo: temos a obra do Instituto de Ciências Básicas da Saúde. Essa obra está garantida. Obras que já estavam iniciadas estão recebendo o devido financiamento.
A dificuldade que a universidade tem seria dar continuidade ao processo de expansão?
Exatamente. Esse é o aspecto que está sendo negociado. Neste momento estamos trabalhando no orçamento que nos interessa mais, que é o de 2017. Esse orçamento está dentro do parâmetro que o governo está fazendo para toda a administração federal. Ele olha para 2016, faz a correção da inflação e nos coloca dentro dessa perspectiva.
Mas o orçamento virá menor?
Não sabemos ainda. Essa é a negociação. Há um orçamento federal, depois um orçamento para o MEC e depois um orçamento para as universidades.
Quando o senhor coloca a busca de recursos complementares como uma prioridade, é por existir um cenário de dificuldade econômica que coloca em dúvida se a universidade vai receber o mesmo orçamento de antes?
Não necessariamente. O orçamento público é dado para a universidade, é garantido. Não tem por que eu começar uma reitoria dizendo que vou garantir o que já está garantido. A viabilização da universidade é uma obrigação do governo federal. Agora, o que a universidade pretende fazer além disso? Ela pretende buscar parcerias que desenvolvam ciência, tecnologia e inovação. Isso vai se dar tanto no âmbito privado como no público. O público não é o governo, podem ser outras áreas que têm de ser buscadas.
Nos últimos anos, a universidade passou a usar parcialmente o Sisu como forma de ingresso. Essa utilização pode ser ampliada? Qual é o futuro do vestibular da UFRGS?
Neste ano atingimos 50% de cotistas, que é o que a lei estabeleceu. A partir de agora, o percentual de cotistas não vai aumentar. Quanto ao Sisu, temos 30% das vagas atribuídas a ele. Ainda é muito cedo para fazer uma avaliação definitiva dos impactos do Sisu, porque temos de completar um ciclo dos alunos que entraram pelo Sisu para a gente ter uma compreensão do que aconteceu e também um ciclo formativo dos próprios 50% de cotistas. Enquanto isso não acontecer, dificilmente teremos bases para mudar qualquer decisão da universidade, porque essa decisão vai ser pautada pela demonstração de que continuamos com a nossa qualidade, com a nossa inclusão, sem evasão. Em outras palavras, que o impacto do Sisu não é um impacto que produza problemas para o fluxo aluno dentro da universidade.
Quanto tempo é necessário para ter essa avaliação?
Quatro a cinco anos, que é o ciclo formativo de um curso.
Nessa próxima gestão, os 30% de ingresso pelo Sisu permaneceriam inalterados, então?
Não necessariamente, porque ao longo da nossa gestão completaremos o ciclo formativo. Já estamos na segunda turma de Sisu. De qualquer maneira, qualquer iniciativa de mudança terá de ser levada ao Conselho Universitário, que define se pode acontecer ou não. E sempre vai ser colocado mediante evidência de que estamos tomando uma iniciativa que não prejudique a qualidade da formação na universidade. O que quero dizer com isso é que a UFRGS não vai mudar a sua forma de acesso abruptamente. Se houver alguma mudança, será previamente publicizada, de tal maneira que a comunidade tenha todo o tempo necessário para se adaptar.
O senhor já percebe algum impacto da adoção do Sisu no dia a dia da universidade?
A necessidade da assistência estudantil aumentou, seja pelo Sisu, seja pelos cotistas. Já percebemos uma maior demanda por diferentes modalidades de assistência estudantil, como moradia, alimentação, locomoção, transporte. Ainda bem que o programa nacional de assistência estudantil não sofreu contingenciamento durante todo o governo Lula e Dilma. E até agora não sofreu também no governo provisório. Nossa expectativa é que o programa mantenha os recursos, de tal forma que o aumento na demanda, decorrente das cotas e do Sisu, não seja um problema para nós.
Há também a questão de que o aluno que entra pelo Sisu e pelas cotas muitas vem de uma escola pública sucateada. Como garantir que ele tenha um bom desempenho na universidade?
Nós temos a coordenadoria de acompanhamento de ações afirmativas, que faz um acompanhamento dos cotistas em relação aos não-cotistas. No final do ano passado, ela apresentou um relatório muito interessante, porque ele responde a algumas das perguntas que estão aí colocadas. Primeiro, não se confirma que os cotistas têm um desempenho diferente dos não-cotistas. As dificuldades são as mesmas, em algumas áreas específicas. Os programas que estamos direcionando para recuperação ou para preventivamente preparar o aluno para essas dificuldades envolvem alunos cotistas e não-cotistas. Um aspecto fundamental é que a instituição do sistema de cotas não diminuiu o desempenho dos nosso alunos. Estamos enfrentando as dificuldades de tal maneira que, com as medidas tomadas, estamos compensando as dificuldades que o aluno apresenta ao entrar na universidade.
Quando a política de cotas foi implantada na UFRGS, houve certa resistência na comunidade acadêmica. Ainda há algum preconceito com o cotista?
Estamos vivendo um momento de muita intolerância no país como um todo. Temos testemunhado no campus um aumento na intolerância. Tanto é assim que a gente instituiu um comitê da UFRGS contra a intolerância, que é uma espécie de ouvidoria para quem se sentir ofendido, por qualquer razão ou preconceito, encaminhar sua solicitação de solução, disciplinar ou não. Isso fez com que hoje presenciemos manifestações de intolerância não apenas com o aluno cotista, mas também questões de gênero, questão étnica, enfim, várias das minorias ou movimentos que existem. Mas aquela resistência ao cotista, como se manifestou, essa não existe mais.
A intolerância aparece como, na prática?
Nós temos relatos de intolerância de gênero, por assédio, de intolerância racial, como episódio de um indígena que foi atacado por alunos na calçada em frente ao restaurante universitário. Temos a intolerância política, que está disseminada entre os diferentes movimentos extremistas. Isso permeia a universidade como permeia a sociedade.
Como se vai lidar com isso?
A universidade é a instituição onde a questão democrática e as liberdades devem ser promovidas. Nesse sentido, ter uma indução desse ambiente é importante. Não estamos querendo policiar ninguém, mas queremos que a universidade tenha a oportunidade de discutir as suas posições com relação à questão de gênero, à diversidade. Entendemos que não só temos de dar exemplo a nós mesmos, como sermos um exemplo para a comunidade.
Isso significa também colocar punições para quem praticar a intolerância?
Temos um código disciplinar que estabelece uma série de penalidades para situações dessa natureza. Uma pessoa que hoje tem um assédio sexual tem como encaminhar para que se faça a devida averiguação e punição administrativa possível. Na verdade, o mais importante é que a gente promova o desenvolvimento de uma cultura de tolerância dentro da universidade.
Uma outra questão relacionada à democratização do acesso é a dos cursos noturnos, que são minoritários. Há como prever uma ampliação dessa modalidade?
Com o Reuni houve uma ampliação grande de cursos noturnos em várias áreas. Entendemos que hoje oferecemos um elenco muito grande. Criaram-se cursos noturnos e eles estão se provando extremamente importantes. Posso falar muito do curso noturno de Odontologia, porque participei da criação. Ele fez com que hoje tenhamos na Faculdade de Odontologia não só alunos de um diferente perfil, mas também pacientes que estão sendo atendidos à noite, pacientes trabalhadores que não podiam ir ao dentista durante o dia.
Mas no cenário econômico atual, é possível implantar novos cursos noturnos?
A ideia de criar cursos noturnos precisa ter indução por financiamento. Não dá para criar um curso noturno sem a contratação de docentes e de técnicos e sem a iniciativa dos cursos de promover essa proposta. Uma área pode pensar em propor um curso noturno, mas se não tiver a possibilidade de contratação de servidores, dificilmente vai conseguir viabilizar.
Recentemente, o senhor e o atual reitor foram alvo de uma moção de repúdio por parte da Câmara Municipal de Porto Alegre (por suspostamente terem utilizado "o espaço da Universidade para fazer apologia contra as instituições democráticas, a Constituição Federal, o Poder Judiciário e a Câmara dos Deputados"). Como o senhor encarou essa manifestação?
Nós ficamos muito preocupados, porque na verdade as instituições da Câmara e da universidade têm um relacionamento histórico muito produtivo, muito amistoso, muito fraterno. Fomos tomados de surpresa porque foi iniciativa de um vereador (Valter Nagelstein, do PMDB), baseada em premissa que julgamos completamente equivocada. A universidade é um local onde as ideias devem ser debatidas, em forma ampla, irrestrita e aberta, e foi isso que aconteceu. Além do que, a alegação de que teríamos promovido atividades político-partidárias foi completamente infundada, porque nenhuma das atividades que permitimos que fossem realizadas – e uma nós efetivamente promovemos, que foi um debate sobre a questão com professores da universidade – tiveram em qualquer momento relação com algum partido político.
Existe algum limite institucional e mesmo para os professores e funcionários sobre o tipo de manifestação política que podem fazer?
Nesse sentido, acho que a autonomia universitária deve ser preservada em toda a sua acepção. Acho que todo mundo tem o direito de dizer o que quiser e a responsabilidade de arcar com o que falou. Nesse sentido, a universidade tem de ser aberta a toda manifestação. Censurar a universidade, acho que já superamos essa fase dentro da sociedade civil. Temos de promover a associação e o livre debate. Se a universidade limitar o acesso a isso, ela está perdendo a sua própria natureza. Quando fizemos a nossa promoção, no dia 31 de março, buscamos professores da universidade, que fizeram debate sobre a situação econômica e política nacional. Isso foi uma promoção que a reitoria fez. Ninguém questionou. Essa do dia 31 não estava no debate e não foi motivo da iniciativa desse vereador. Foi na verdade um movimento que ocorreu no dia 30, promovido por dois sindicatos nossos e que foi, sim, dado espaço para que ocorresse dentro da universidade. Diga-se de passagem que outras atividades ocorreram ao longo daquele período com um outro viés político. Aqui estiveram pessoas debatendo a questão do impeachment nitidamente favoráveis ao impeachment. Não houve censura no tipo de debate realizado.
Uma censura recorrente que se faz à universidade é sobre um certo distanciamento em relação à comunidade. O senhor concorda com essa crítica? Acha que é possível fazer mais para que a universidade esteja mais presente na vida da sociedade?
Acho que a universidade tem de estabelecer relações com a sociedade de forma mais ampla do que já faz. Ela já faz muita coisa. É reconhecida pela suas atividades culturais, artísticas, de extensão. Temos uma inserção com a sociedade. Mas essa crítica de que a universidade está fora ou alheia ainda deve ser vista como uma oportunidade, que é o que estamos colocando, ao buscar interações com a sociedade. Inovação, tecnologia e ciência são oportunidades não só da universidade colocar seu conhecimento para a sociedade, mas também para que a comunidade esteja aqui dentro. Entendemos que o movimento de proposição da universidade como parceira na solução de problemas é uma responsabilidade que a universidade tem de continuar a perseguir.
Por que, para dar um exemplo, o sistema de bibliotecas da UFRGS não é aberto ao público em geral?
Essa é uma boa pergunta. O que entendemos como necessário é criar para com a nossa comunidade um sistema que não queremos chamar de amigos da UFRGS, porque não é bem isso, na verdade é uma efetiva interação com pessoas que querem participar da vida universitária. Uma das questões apontadas é que temos pouca relação com nossos ex-alunos. É um grande desafio. Não dá para fazer um acesso a uma biblioteca sem que as pessoas tenham algum tipo de compromisso com a universidade, que permita que essa seja uma relação bilateral. Temos de criar uma cultura de relação direta entre ex-alunos e amigos com a universidade.
A dificuldade na relação com ex-alunos parece ter ficado patente na tentativa que a universidade fez de obter entre eles doações para a restauração de prédios históricos. Por que é tão difícil realizar essa recuperação?
O movimento de restauração dos prédios iniciou num momento em que ainda não tínhamos fontes de financiamento públicas para isso. Aí, sim, as fontes privadas eram fundamentais. Foi assim que se começou, de forma pioneira e criativa, essa promoção do restauro dos prédios históricos. Hoje temos fontes de financiamento públicas que permitem que esses recursos venham em quantidade expressiva. Ainda continuamos recolhendo fundos privados, e se fores olhar a quantidade doada, ela é constante. A questão é que o quantitativo necessário para a restauração é muito maior do que esse, e ele é complementado por fontes oficiais. O segundo ponto é que temos ordem de prioridade de restaurações. Fizemos recentemente a restauração do prédio centenário da Engenharia e estamos restaurando agora o prédio da ex-Química. Todos os recursos que chegam agora são direcionados para o prédio da ex-Química, para que aconteça o mais rápido possível. Estamos também restaurando, singelamente, a capelinha que tem lá na estação experimental, que pouca gente conhece, mas que é o prédio mais antigo nos campi. Data de 1860.
Vai ser possível dar continuidade a isso na próxima gestão?
Sim. Com relação ao prédio da antiga Medicina, que hoje é o prédio da Ciências Básicas da Saúde, ele está na perspectiva de ser restaurado. Mas antes precisamos terminar o prédio novo do ICBS lá na Ipiranga com a Ramiro. Não dá para restaurar com atividades internas.
O antigo prédio da Medicina seria o próximo a ser restaurado?
Não sei. Temos ainda para restaurar o prédio da Elétrica. Vai depender de quando conseguirmos terminar o ICBS. Mas certamente será uma das grandes obras de restauração, porque é um prédio emblemático para a sociedade gaúcha.
Uma grande preocupação da comunidade acadêmica é insegurança, dentro e no entorno dos campi. O que a universidade pode fazer em relação a isso?
Aqui neste campus (Centro) estamos colocando um sistema de câmeras bastante avançado, com alta definição, portanto com capacidade de identificar pessoas a uma distância apreciável, de tal maneira que a gente tenha condição de trabalhar preventivamente e agir sobre o que está acontecendo.
A universidade terá uma central de monitoramento?
Sim, uma central vai fazer com que, na presença de uma infração, imediatamente a guarda do campus seja comunicada, para fazer a intervenção. Além do que, a gente tem a própria imagem do que está acontecendo, para a responsabilização devida.
A comunidade pode esperar uma expansão disso para outros campi?
Já temos isso licitado para todos os campi. Estamos colocando primeiro aqui, depois vai para o campus da saúde e o olímpico. E vamos ampliar a do campus do Vale, que já existe mais ficou pequena. E no campus Litoral também.
E no entorno do campus?
No entorno temos uma limitação legal. Não podemos fazer vigilância do entorno, ainda que nossos vigilantes tenham realizado várias prisões no nosso entorno. A pessoas que faz algum delito e foge para a calçada ou está ali na calçada, temos condição de prendê-los e chamar a Brigada para fazer o flagrante. Isso está sendo feito. Inclusive aqui no entorno do campus Centro várias detenções já foram realizadas. Um outro aspecto importante é a iluminação. Estamos trocando o sistema de iluminação dos campi, da luz halógena, para um LED que produz uma iluminação mais viva. Quanto mais iluminado, menor a possibilidade de delitos.
Nesta última eleição para reitor, mais uma vez surgiu a crítica de alguns setores para o peso diferenciado dado ao voto de professores, funcionários e alunos. Há alguma chance de haver uma paridade de pesos no futuro?
Existe uma lei que estabelece que, quando vai fazer a escolha dos dirigentes máximos da universidade, os docentes devem ter 70% de peso. Enquanto ela estiver vigindo, não podemos fugir dos 70/30. Entendemos que tem de ser feita uma ampla discussão sobre o sistema de escolha dentro da UFRGS. Porque 70/30 é o que a lei determina. A paridade é um outro sistema. Não são as duas únicas alternativas que existem. Quem defende a paridade é um grupo específico dentro da comunidade. Nossa posição pessoal, minha e da professora Jane (Tutikian), é de que o 70/30 é um sistema anacrônico. Não está mais condizendo com a realidade da nossa comunidade. Ele precisa ser discutido, e a gente deve buscar uma alternativa de mudança. Mas uma mudança que tenha garantia jurídica e que tenha aceitação dos três segmentos: professores, estudantes e técnicos-administrativos. Vamos discutir, vamos conversar, vamos trazer diferentes experiências. Vamos também buscar no MEC um posicionamento a esse respeito, porque o anacrônico é a lei. A lei precisaria ser modificada. Tanto isso é verdade que os institutos federais (Ifes) foram criados durante o governo Lula e nos Ifes já temos a paridade. A lei que instituiu os Ifes não reproduziu os 70/30.