Essa semana encontrei um amigo que trabalhou em um grande empresa de seu setor, onde adquiriu ótimo conhecimento técnico. Ele me contou que, certa vez, fora chamado para uma reunião com a direção geral de uma rede de supermercados para esclarecer um orçamento enviado, pois seu preço era 285% maior que o do concorrente. Ainda assim, com uma proposta bem detalhada e uma apresentação clara – para um leigo –, ele fechou negócio.
Passados três anos, seu serviço nunca apresentara problemas, enquanto a concorrente, que já havia sido contratada para outro trabalho antes dele, nunca entregara totalmente o serviço, sempre gerando chamados extra. Nesta sexta, ele estará se reunindo com a mesma diretoria para fechar o segundo contrato afim de tomar o lugar da concorrente em todos os serviços.
Administradores podem não entender detalhes técnicos, mas entendem a língua do dinheiro. Maus profissionais fazem de tudo para vender, até vender barato. Não se preocupam em vender o que o cliente precisa, somente o que pode pagar. O problema é que muitas vezes o cliente não conhece verdadeiramente sua necessidade, por isso compra o mais barato. É seu dever profissional educar o cliente para que ele reconheça seu valor e não esperar que ele o faça. Caso contrário, seu cliente continuará insatisfeito com serviços baratos, e você, sem clientes.
Seu preço deve ser justificável, não apenas baseado em especulações ou senso comum. Você é a pessoa que conhece seu serviço ou produto. O que falta é lembrar que você não está explicando suas vantagens a outro profissional do ramo, mas, sim, a uma pessoa de fora, que sabe pouco sobre o que te diferencia da concorrência. Vejo pessoas diariamente tentando se vender a qualquer preço para qualquer vaga, sem dar a mínima para o futuro. Em pouco tempo, estão reclamando que não ganham o suficiente e que são exploradas.
Quem aumenta seu salário é você, não seu chefe. Se você só espera aumentar seus ganhos através de uma promoção no local onde trabalha, você está perdido em sua carreira. Isso não significa que deve pipocar de empresa em empresa buscando salário melhor, mas deve ter clareza de suas decisões e motivações. Quem precisa conhecer o mercado é você, saber quanto se está ganhando por aí, quais são as oportunidades de crescimento que pode esperar, por onde ir e onde não deve pisar.
Por exemplo, se você é da área de TI, especialista em programação e quer aprender uma nova linguagem para entregar melhores resultados, deve saber no que isso afetará seu futuro. Há possibilidade de este novo conhecimento agregar valor às suas atividade na empresa atual? Então é possível negociar com seu empregador um subsídio do curso, que em si deve ser encarada como um ganho financeiro. Afinal, além de economizar seu dinheiro, você terá condições de aumentar seus ganhos futuros entregando melhores resultados. Porém, o que você busca pode não ser aproveitável na empresa atual. Nesse caso, você deve estar ciente de que o empregador não tem obrigação de reconhecê-lo por um diferencial que não agrega valor. Isso não o impede de obter o conhecimento, mas deve estar claro para você a situação.
O melhor equilíbrio sempre é obtido com o diálogo. Sempre conte com seus superiores, ou colegas com maior experiência, para planejar sua carreira. Pode não influenciar seu objetivo a longo prazo, mas vai melhorar sua rotina e relação no trabalho. Muitas pessoas perdem tempo em empresas totalmente diferentes do que desejariam estar. Lutam diariamente para se enquadrar a atividades sem sentido e só se preocupam em jogar o jogo corporativo.
Acabam esquecendo que o sentido de estarem trabalhando não é participar de uma corrida louca pelo melhor salário com o menor esforço. Pense o seguinte: se você é um jacaré, não deve se preocupar em saber o que precisa para escalar uma árvore, passar anos treinando para escalar muito mal, frustrado por não ser reconhecido pela sua habilidade (terrível) em escalar árvores. Lembre-se que isso qualquer macaco faz a troco de banana.