Professores em greve há duas semanas realizam mobilizações com o apoio de estudantes que ocupam escolas nesta segunda-feira, em Porto Alegre. Eles se reuniram durante a manhã em frente ao Palácio Piratini, no centro da cidade, e, à tarde, irão acompanhar uma audiência pública na Assembleia Legislativa sobre o PL 44/2016, que, segundo o magistério, abre brecha para a privatização do ensino público no Estado.
A categoria quer a retirada do projeto apresentado pelo Executivo, que dispõe sobre a qualificação de algumas entidades como organizações sociais, da pauta de votações do Legislativo. Há a expectativa de que a mobilização ganhe força na terça-feira, quando o governo estadual deve confirmar mais um parcelamento nos salários dos servidores.
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O Cpers/Sindicato estima que 70% do magistério estadual tenha aderido à greve, e a Secretaria Estadual da Educação não divulga números. A presidente do Cpers, Helenir Schürer, afirma que não há previsão de fim da paralisação.
– Esse é o primeiro governo que nada aponta para o futuro e envia projetos para retirar recursos do nosso contracheque. O fim da greve está nas mãos do governo – disse Helenir.
Ela afirma que, neste ano, a greve dos professores ganhou força com o apoio dos alunos que ocupam mais de cem escolas no Estado. Nicole Textor, 18 anos, estuda no Colégio Estadual Augusto Meyer, em Esteio, ocupado há uma semana, e participa do ato desta segunda-feira.
– O sucateamento da educação como um todo desmotiva completamente os professores e faz a qualidade da educação cair – pontuou.
O movimento que começou em Porto Alegre tem se expandido para municípios do Interior. Aluna da Escola Erico Verissimo, em Roque Gonzales, a estudante Camila Diel, 17 anos, viajou cerca de 10 horas para aderir ao movimento na Capital na companhia de colegas, funcionários e professores da instituição.
– Estamos planejando ocupar a escola ainda nesta semana – contou.
A secretaria tem afirmado que busca o diálogo com as direções e os alunos para conhecer a pauta de reivindicações e que, na maioria das vezes, "se trata de justas contribuições ao processo de melhoria da qualidade da educação pública". O Executivo alega que tem se esforçado para recuperar o equilíbrio financeiro das contas públicas e espera que as condições econômicas do país melhorem, para que se aumente a arrecadação e consiga manter em dia o pagamento do funcionalismo e o repasse de verbas para as escolas.