No dia de voltar às aulas, estudantes da rede pública estadual tiveram de retornar para casa. Parte dos professores aderiu à paralisação convocada pelo magistério nesta segunda-feira e instituições mantiveram as portas fechadas no dia em que começaria o novo ano letivo. No fim da tarde, o Cpers-Sindicato deve divulgar um levantamento da participação dos servidores à mobilização.
No Colégio Estadual Julio de Castilhos, no bairro Santana, o apoio de professores ao movimento foi total. Nenhuma turma teve as aulas retomadas nesta manhã, apesar da aglomeração de estudantes em busca de informações em frente à instituição.
– Fico um pouco triste, porque eu queria ter aula, mas sei pelo que os professores estão lutando e apoio a causa – disse a estudante do 1º ano Isabela Bruno.
– Infelizmente, nossos alunos estão sem aula hoje (nesta segunda-feira), mas certamente estão entendendo a nossa luta – completou o professor de Geografia do colégio Davi Lessa.
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Mas nem todas os professores aderiram à manifestação convocada pelo Cpers. Zero Hora percorreu nove das maiores escolas estaduais de Porto Alegre e constatou que havia impacto do movimento em quatro delas delas (confira lista abaixo). Em outras três, as aulas aconteciam normalmente e, no Colégio Estadual Protásio Alves, no bairro Azenha, o início do ano letivo será apenas em 14 de março em função dos estragos provocados no prédio pelo temporal que atingiu a Capital em 29 de janeiro.
Uma série de demandas integra a pauta de reivindicações do magistério. Entre elas, a cobrança de nomeação dos professores aprovados em concurso e o mais recente parcelamento dos salários do funcionalismo público. Nesta segunda-feira, receberam em dia apenas os servidores com vencimentos de até R$ 1.750.
– A informação que temos até o momento é de que a adesão é muito boa. Acho que o parcelamento do salário ajudou a nossa categoria a dar esse sinal vermelho ao governo – apontou a presidente do Cpers, Helenir Schürer.
Às 13h30min desta segunda-feira, os professores se concentrarão no Largo Glênio Peres, no Centro Histórico, e sairão em caminhada em direção ao Palácio Piratini. Em frente à sede do governo do Estado, está programada uma "aula cidadã" em protesto.
– É uma frustração porque vim até a escola nova com a minha filha e, chegando aqui, as portas estão fechadas – queixou-se a balconista Elisângela da Silva, 35 anos, mãe de uma aluna do 1º ano do Julio de Castilhos.
Orientação para abrir as escolas
O governo do Estado informou que a orientação é para que as escolas fossem abertas nesta segunda-feira.
– Nós respeitamos o movimento sindical, que tem todo o direito de fazer suas manifestações, mas acima de tudo está o direito do aluno de ter o calendário escolar respeitado, e vamos zelar por isso. As escolas que aderirem ao movimento devem comunicar e justificar isto para a comunidade escolar – afirmou o secretário da Educação do Estado, Carlos Eduardo Vieira da Cunha, em nota.
A rede estadual conta com 2,5 mil escolas e quase 75 mil professores no Rio Grande do Sul. Até 25 de fevereiro, 836 mil matrículas já haviam sido confirmadas. O número é parcial, já que o período de ajustes nas escolas segue durante todo o mês de março.
A volta às aulas em nove das maiores escolas de Porto Alegre
– Escola Técnica Estadual Parobé: aulas normais
– Colégio Estadual Protásio Alves: reabertura em 14 de março devido aos estragos no prédio provocados pelo temporal há um mês
– Colégio Estadual Julio de Castilhos: fechado
– Escola Estadual de Ensino Médio Baltazar de Oliveira Garcia: paralisação de cerca de 90% das turmas
– Instituto Estadual de Educação General Flores da Cunha: fechado
– Escola Estadual de Ensino Médio Professor Alcides Cunha: aulas normais
– Escola Estadual Presidente Roosevelt: fechada
– Escola Estadual de Ensino Médio Rafaela Remião: aulas normais
– Colégio Estadual Ildo Meneghetti: aulas normais
* Colaborou Julia Burg