A mudança quando se decide morar longe da família vai além do transporte de móveis e roupas. A preocupação de quem, pela primeira vez, vive por conta própria, envolve a busca por um lar e aprendizados na convivência com pessoas e realidades diferentes. Conheça três histórias:
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Perrengues no caminho
Renato Navas, 21 anos, saiu de Cerquilho, no interior de São Paulo, em 2013. Queria mudar de cidade, de preferência para algum lugar frio, para estudar. O plano era deixar a casa dos pais e o trabalho na padaria da família para morar em uma capital. Demorou para as coisas se ajeitarem.
Chegando em Porto Alegre, descobriu duas coisas: não fazia tanto frio quanto ele imaginava e não seria tão fácil encontrar onde morar como ele previa. Passou um tempo no apartamento de um amigo, morou em um hostel e, depois, em uma housing, habitações geralmente minúsculas. O tamanho do ambiente, na verdade um contêiner adaptado e até estiloso, não era o problema. Mas na primeira volta do trabalho, Renato encontrou o lugar fervendo.
- Dava para fritar um ovo nas paredes - lembra.
Renato passou para Publicidade e Propaganda na UFRGS e, em setembro de 2014, deixou o espaço de 10m², após seis meses. Então, ficou na casa de uma amiga, até que foi morar em um apartamento no Menino Deus, que divide com dois meninos. Mas os perrengues seguem parte da rotina.
- A geladeira não se abastece sozinha. O que mais sinto falta, além da família em si? É da comida da minha mãe, disparado - diz.
"Familiares" do mundo
A casa de 14 quartos da pensão de Elizabeth Machado dos Santos, 64 anos, no Bom Fim, recebe estudantes do mundo inteiro. Dona Bete, como é conhecida, sabe que a vida não é fácil, por isso abre exceções à regra de hospedar "apenas estudantes":
- A preferência por estudantes é porque eles são mais focados em estudar e menos na bagunça.
Um pouco de bagunça é inevitável, mas nas áreas comuns, nada fora do lugar. As regras estão visíveis: é proibido deixar louça suja, as comidas são separadas nos armários e, entre as 22h30min e as 8h, o silêncio deve ser absoluto. Para ouvir música, fones. Festas, só com planejamento.
- Esses dias, um espanhol e um colombiano pediram para organizar uma festa para 40 pessoas. Gosto muito de ver o entrosamento entre os estudantes, mas preciso colocar limites - diz Bete.
O estudante de economia da UFRGS Daniel Oliveira, 26 anos, é um dos hóspedes. Ele mora no local há um ano e meio e diz que a relação entre o custo e a localização da república vale a pena. Além disso, escapa da burocracia dos aluguéis. O valor dos quartos varia entre R$ 600 e R$ 730 mensais, similar a outras pensões da Capital, e o contrato é o depósito antecipado.
Conviver para crescer
As vagas em uma moradia estudantil pública são ainda mais disputadas do que nas repúblicas. Para ser morador da Casa do Estudante da UFRGS do campus da saúde, por exemplo, um comitê avalia a distância que o estudante teria de percorrer até as aulas, sua história e condição socioeconômica. Mas existe outro fator importante para garantir a vaga no lugar, uma das três moradias estudantis da UFRGS: o aluno precisa se engajar na casa.
Essa unidade é a menor das casas estudantis da universidade, o que permite sua autogestão. Enquanto a maior, no Centro, tem 400 moradores, essa conta com 42. Eles se dividem em duplas pelos 21 quartos e nas tarefas de manutenção. Para a máquina de lavar quebrada, uma vaquinha garante o conserto. Na falta do Restaurante Universitário no verão, um caixinha ajuda nos almoços coletivos. As amigas Samantha Semeunka (à esq.), 23 anos, e Raíssa Kist (à dir.),
21 anos, dividem um dos cômodos e lembram que, de vez em quando, é necessária a troca de quartos quando as duplas não se dão bem. Mas, entre pequenos desentedimentos, há grandes momentos de convivência e amadurecimento.
- Os cursos e os pensamentos são diferentes.
É um aprendizado diário - avalia Samantha.
Dicas:
Aluguel de apartamentos
O custo do aluguel de um apartamento com um dormitório nos arredores das principais universidades da Capital varia entre R$ 500 e R$ 1,2 mil, sem considerar taxas de condomínio.As imobiliárias exigem pelo menos um fiador (com imóvel próprio), que assuma o pagamento na ausência do locatário. Outra opção é o depósito de caução ou o seguro-fiança, feito por uma seguradora.
Hostel
A maioria dos hostels da Capital tem opção de pagamentos diários ou mensais. No Casa Azul Hostel, por exemplo, as diárias variam entre R$ 38 para quartos compartilhados e R$ 110 um quarto privativo.
Housing
Em alguns bairros da Capital, como Cidade Baixa e Partenon, há acomodações em housings, habitações para estudantes com espaço exíguo, entre R$ 400 e R$ 900.
Pensões e repúblicas
As acomodações variam entre R$ 300 e R$ 2 mil mensais. Para quem deseja dividir apartamento, o Easy Quarto (easyquarto.com.br) permite anúncios para busca e ofertas.