É possível, literalmente, morrer de sono?
Tiago Gautier, de Porto Alegre
Responde o Dr. Fabio Maraschin Haggstram, pneumologista do Hospital São Lucas da PUCRS e diretor do Pneumosono
"A privação do sono está relacionada ao desenvolvimento de várias patologias, de alterações do humor a doenças cardiovasculares, mas uma pessoa só morre se apresentar uma doença conhecida como insônia familiar fatal (IFF).
Descoberta em 1986, a IFF é um distúrbio do sono cujos sintomas tendem a surgir a partir dos 40 anos de idade, acometendo, atualmente, cerca de 30 famílias em todo o mundo. As pessoas portadoras perdem, aos poucos, a capacidade de dormir, o que decorre da degeneração do tálamo, que impede o hipotálamo de receber ordens para parar suas atividades, o que promoveria o sono."
"Falta de atenção e coordenação motora, taquicardia, hipertensão, hipertermia, sudorese e cansaço surgem primeiramente, evoluindo para confusão mental, demência, coma e morte. O tempo entre as manifestações sintomáticas e o óbito varia entre sete meses e três anos. O quadro se deve ao fato de os portadores não conseguirem dormir, não pela degeneração cerebral propriamente dita.
Noites de sono permitem ao corpo reorganizar seus sistemas para uma nova jornada e, nesse sentido, a falta delas provoca um colapso nas funções vitais a longo prazo. O diagnóstico, é feito pela análise dos sintomas, histórico familiar e exame laboratorial, possível graças à descoberta recente do gene associado a essa doença."