Durante um estudo de campo em um fragmento florestal de 2,5 hectares em Rondônia, a bióloga Erika Patrícia Quintino fez um registro inédito no continente americano: a predação de um macaco de grande porte por uma serpente.
Mestranda em Zoologia pela Faculdade de Biociências da PUCRS, Erika realizava o primeiro trabalho sistemático sobre a ecologia e o comportamento do bugio-de-Purús (Alouatta puruensis) quando observou uma fêmea adulta com cerca de quatro quilos ser constringida ("estrangulada") e engolida por uma jiboia de dois metros.
Veja o vídeo:
Segundo o orientador de Erika no Laboratório de Primatologia da Fabio, professor Júlio César Bicca-Marques, o ataque que ocorreu em cima de uma árvore a 7,5 metros de altura provavelmente só foi possível por se tratar de uma jiboia adulta jovem, considerada também um animal arborícola (que vive em árvores). Nem por isso o fato é menos surpreendente: até então, acreditava-que macacos de grande porte pertencentes à família Atelidae (bugios, macacos-aranha, barrigudos e muriquis) não eram predados por serpentes. Agora, os pesquisadores concluíram que todos os primatas das Américas, incluindo os maiores, são vulneráveis a estes predadores.
Orientador e orientanda elaboraram um artigo, publicado na revista japonesa Primates, um dos periódicos de maior prestígio na área de primatologia e o mais antigo, que existe desde 1958. O material detalhado sobre o processo pode ser conferido na versão on-line por meio do link http://j.mp/15TtLlI.