Surfistas, mergulhadores e banhistas acabam de ganhar um artefato mágico contra o predador mais temido dos mares. Se os cientistas da University of Western Australia e os designers da Shark Attack Mitigation Systems (SAMS) estiverem certos, as roupas que você vê ao lado enganam a visão dos tubarões. A tecnologia, baseada na descoberta de que esses animais veem, basicamente, em preto e branco, procura evitar os ataques a partir de sinais visuais ameaçadores ou que confundam os peixões.
- Tubarões se interessam em contraste puramente acromático contra a paisagem. A partir disso, pudemos especificar um espectro de reflexão para que as roupas se camuflassem na paisagem aquática percebida pelos tubarões em diferentes condições - afirmou ao Planeta Ciência o líder do estudo, professor Nathan Hart.
Segundo os pesquisadores, a visão é o sentido crucial no estágio final de um ataque, que pode ser desviado ou atrasado caso a percepção visual do animal estiver comprometida.
Arte: Henrique Tramontina / Agência RBS
"Animais estão estigmatizados", diz pesquisador
Bruna da Silva Gobbi, 18 anos, morreu no último 22 de julho, vítima de um ataque de tubarão na Praia de Boa Viagem, no Recife. Desde 1992, somente no litoral pernambucano, foram 59 os ataques, sendo 24 fatais. Mas é possível que essas fatalidades tenham acontecido por falha humana. Naquela região, por exemplo, a ampliação do Porto de Suape fez com que grande parte desses animais migrasse para praias muito frequentadas por turistas.
Arte: Henrique Tramontina / Agência RBS
Carlos Lucena, biólogo e pesquisador do Laboratório de Ictiologia do Museu de Ciências e Tecnologia da PUCRS, lamenta que os "raros ataques não-provocados" (veja ao lado) reforcem a ideia equivocada do "tubarão assassino".
- Os tubarões estão estigmatizados pelo grande publico, à medida em que eles foram sempre apresentados como "vilões". Tanto as causas quanto o número de ataques não condizem com a fama alcançada por esses animais. O desenvolvimento científico e tecnológico e o aumento da população mundial parecem ser questões irreversíveis e precisam andar juntas com a conservação do meio ambiente - afirma Lucena, apontando que a relação homem-tubarão deve ser incluída em uma política de desenvolvimento sustentável.
Segundo o biólogo, a solução não passa apenas por regras de segurança para banhistas, mas também pela preservação de hábitats marinhos.
- Seria outra forma de demonstrar respeito a quem habita originalmente o local há milhares de anos - conclui.