Cientistas austríacos criaram, a partir de células-tronco, "minicérebros" humanos de cerca de 4 milímetros. Nada como a estrutura cerebral que carregamos dentro de nossas cabeças, mas os "organoides" reproduzidos em laboratório contam com tecidos com neurônios ativos, algo similar ao cérebro de um embrião em desenvolvimento.
Os pesquisadores do Instituto de Biotecnologia Molecular da Academia Austríaca de Ciências (IMBA, na sigla em inglês) afirmam que a ideia não é recriar um cérebro inteiro, mas estruturas primitivas, correlatas a certas regiões do órgão, que nos permitam estudar transtornos comuns como o autismo e a esquizofrenia. Um transtorno já estudado é a microcefalia, que impede o crescimento correto do cérebro. Os organoides criados com células de pacientes vítimas de microcefalia apresentaram características análogas ao transtorno, o que possibilitou aos cientistas tratarem o problema por meio da substituição de genes.
Os organoides pararam de crescer depois de dois meses dentro de uma armação de gel, já que faltava irrigação sanguínea para que o crescimento continuasse.
Ainda que os austríacos sejam cautelosos ao divulgar a própria façanha, o estudo abre caminho para diversos avanços que lancem mão da capacidade das células-tronco de se transformarem em qualquer tipo de tecido humano, inclusive algo tão complexo quanto uma estrutura cerebral. Uma das possibilidades seria, inclusive, a polêmica criação em laboratório de um cérebro com alguma forma de consciência.