O mundo corporativo costuma ser regido pela lógica e pelo ceticismo. O que poucos se dão conta, entretanto, é que boa parte da ética empresarial pode vir justamente da orientação religiosa e da fé que permeia a vida dos proprietários de negócios e de gestores. E profissionais e empresas são cada vez mais fiscalizados e cobrados por clientes e pelo mercado em geral para serem racionalmente corretos.
Há quem diga que fé e negócios não combinam, mas essa premissa nem sempre é verdadeira. Até porque a retidão e a religiosidade, juntas, podem ajudar no desenvolvimento de qualquer atividade, em qualquer setor, inclusive na carreira de profissionais de qualquer área de atuação.
Como esse período de início de ano é propício para a reflexão, o caderno Pense Empregos reúne nesta página algumas dicas e recomendações extraídas do budismo e do cristianismo - publicadas em três livros que relacionam o mundo corporativo e a ética nos negócios.
Aproveite a oportunidade e faça sua parte com uma boa análise sobre os seus valores, atos, objetivos e maneira como tem lidado com as questões do dia a dia profissional.
A força da fé
A primeira obrigação de um líder é crescer. O processo deve começar antes de você ocupar um cargo de liderança e continuar por toda a vida depois que o conquistar.
Quando cometer um erro, admita-o sem dar justificativas. Aprenda com ele para não repeti-lo e entenda que, se não fizer isso rapidamente, estará cometendo outro erro.
O maior propósito da responsabilização e das consequências é melhorar o desempenho, e não humilhar.
Se você acha que seu pessoal está ali para lhe servir, e não o contrário, você não é um líder, é um tirano.
Parte do processo de amadurecimento como líder é reconhecer as áreas em que você é bom, assim como as coisas para as quais não leva jeito, e ficar em paz com as duas realidades.
Mantenha seus compromissos. Muitos líderes fazem promessas casuais, entre as quais algumas que nunca pretendem cumprir.
Inspiração bíblica
Quando se trata de construir uma carreira ou negócio vitoriosos, não adiante ter pressa nem ilusões. Não adianta ser guloso. O sucesso demora, dói e dá trabalho.
A paciência é uma virtude indispensável para qualquer profissional e mesmo para os grandes empreendedores.
Ficar aberto ao feedback do chefe ou de seus colegas e aprender a examinar quais críticas procedem e quais podem ser ignoradas pode ser difícil, mas é única forma de crescer.
Quando a Bíblia diz que o invejoso empobrecerá, não é por que ele será castigado por um Deus iracundo, mas simplesmente porque sofrerá os efeitos de desperdiçar suas energias naquilo que não traz resultados.
No livro O Monge e o Executivo, James Hunter trabalha com o conceito de líder servidor, com base nos ensinamentos de Jesus. Se você não serve para nada nem a ninguém, dificilmente construirá uma carreira ou negócio bem-sucedido.
O mercado de trabalho é altamente competitivo, quase uma guerra diária. A Bíblia recomenda que sejamos prudentes, que busquemos conselheiros. Daí a importância do aperfeiçoamento contínuo, para que, por meio de conselheiros (que podem ser livros, professores e colegas de trabalho), consigamos nos conduzir bem nessa guerra.
Respeitar limites e regras, desde etiqueta até os de legislação vigente, representa um ganho de competitividade na linha do tempo.
A receita do Lama
Dois fenômenos que nos impedem de ver a realidade são o otimismo fantasioso e pensar nos problemas do passado como se ainda existissem. Um exemplo claro disso é quando os funcionários vivenciam um problema no local de trabalho e esperam muito tempo para levá-lo ao conhecimento de seus superiores. Talvez tenham a esperança de que o problema desapareça sozinho para não serem portadores de más notícias.
Muitas pessoas imitam o comportamento de seus líderes. Quando esse comportamento difere dos princípios afirmados, as pessoas seguem o comportamento, não os princípios.
O princípio budista é que, quando não se puder evitar os danos, estes deverão eliminar um prejuízo muito maior para outras pessoas.
Faça sua escolha inicial e verifique se o resultado final prejudicará alguém. Se não houver nenhum dado, vá em frente. Se houver, use sua criatividade para encontrar outra solução. Se for totalmente impossível evitar algum tipo de dano, você deverá certificar-se de que ele é justificado, seja por evitar um prejuízo maior, seja por enormes benefícios para outras pessoas.
Se você não escuta uma pessoa ao conversar com ela, é provável que ela perceba e que a comunicação se torne praticamente impossível. Dar plena atenção a outra pessoa não é apenas cortesia, mas ético e virtuoso.
A paciência deve ser cultivada. É a única maneira de estarmos preparados para quando surgirem situações provocadoras, como a hostilidade, a crítica ou a decepção.
Outro elemento essencial da boa liderança é a capacidade de esclarecer os propósitos da organização, o que constitui, muitas vezes, uma tarefa bastante difícil.
As principais tarefas do líder são: esclarecer objetivos, definir valores, gerar confiança e tomar decisões corretas.
Foto: Editora Sextante
Obra "A Fé nos Negócios", de Dave Anderson. Sextante, 192 páginas, R$ 19,90.
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Obra "As 25 Leis Bíblicas do Sucesso", de William Douglas e Rubens Teixeira. Sextante, 192 páginas, R$ 24,90.
Foto: Editora Sextante
Obra "Liderança para um Mundo Melhor", de Dalai-Lama e Laurens van den Muyzenberg. Sextante, 208 páginas, R$ 24,90.