Na manhã desta quinta-feira (21), a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) concedeu o título de Doutor Honoris Causa à professora Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva. O título é a máxima distinção concedida por uma universidade. A escritora de 82 anos tem sua trajetória na pesquisa acadêmica, especialmente na educação, abordando temas como relações étnico-raciais, políticas curriculares e direitos humanos.
É das nossas diferenças que se constrói o comum.
PETRONILHA GONÇALVES E SILVA
Professora e escritora
A sessão solene aconteceu no Salão de Atos da UFRGS e faz parte da programação do Novembro Negro, organizado pelo Núcleo de Estudos Africanos, Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi). Além da homenageada, compuseram a mesa a reitora da instituição, Márcia Barbosa, o vice-reitor, Pedro Costa, a diretora da Faculdade de Educação, Aline Lemos da Cunha, e a oradora Dandara Rodrigues Dorneles.
— É das nossas diferenças que se constrói o comum. Desejo à universidade e às pessoas que fazem parte desta sessão solene, e a todos os convidados, que a gente continue com as nossas concordâncias e discordâncias, alegrias e dificuldades. Que a gente continue, com muita garra, construindo uma nação antirracista, uma nação acolhedora para todos os povos e todas as formas de ser ser humano presentes na nossa sociedade — disse Petronilha.
Chamada carinhosamente de "Petrô", a professora é uma figura importante na UFRGS, com ampla trajetória na instituição de ensino. Embora tenha lecionado por mais de 20 anos na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), em São Paulo, onde é professora emérita, ela nasceu em Porto Alegre, em 29 de junho de 1942, no bairro Colônia Africana. E foi na UFRGS que ela traçou seus primeiros passos na academia.
Petronilha se formou em Letras, com licenciatura em português e francês, tem mestrado em planejamento da educação e doutorado em ciências humanas, todas as formações pela UFRGS. O pós-doutorado da docente foi em teoria da educação, na África do Sul. Ela dedicou a vida ao combate ao racismo e à ampliação de políticas que promovem as relações étnico-raciais, como a Lei 10.639, de 2003.
— Escolhemos ela por ter essa relevância na UFRGS. Ela se formou aqui e expandiu esses conhecimentos nacional e internacionalmente. E pelo seu trabalho de defesa da Lei 10.639, que obriga o ensino de história e cultura africana e afro-brasileira nas escolas. Passados 20 anos da criação dessa legislação, ela ainda não é cumprida em muitos lugares — afirmou o coordenador do Novembro Negro da UFRGS e integrante do Neabi, Wagner Machado.
Na ocasião, a reitora reafirmou que pretende implementar uma pró-reitoria de Ações Afirmativas na UFRGS. A solenidade foi seguida de apresentações culturais, incluindo performances artísticas em alusão ao Dia da Consciência Negra, como o Ballet Virtuose, Rua Esperança, Se Negra Esefid e Coletivo Corpo Negra, Conhecimento que ecoa, com Lilian Rocha & Intervenção poética de Fátima Farias e Tambores de Freire.