A pesquisadora Angela Wyse, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), é a única brasileira entre os nove vencedores do prêmio Cientista do Ano do International Achievements Research Center. A professora do Departamento de Bioquímica foi reconhecida como cientista de 2023 na categoria Ciências Médicas e da Saúde.
Docente da UFRGS há 25 anos, a pesquisadora já havia recebido a premiação em 2020, quando também foi a única brasileira a figurar na lista. Indicada novamente, ela foi comunicada sobre a certificação em 25 de janeiro de 2024, e vai ao Canadá em maio para buscar o prêmio. A cerimônia será em Montreal, onde fica a sede da organização.
— Este prêmio dá uma grande visibilidade para ciência brasileira e para a UFRGS. E também serve de incentivo para os jovens, nossos alunos que estão começando não somente carreira na científica, mas também aqueles que fazem iniciação científica, alunos da graduação.
Anualmente, o centro de pesquisas concede o prêmio a cientistas que promovem contribuições significativas e originais para o campo, que apresentam maior nível de produtividade, impacto de citações e participação em congressos e projetos científicos, entre outros critérios.
A professora se emocionou ao contar sobre sua trajetória. Ela começou a dar aulas na universidade federal em 1999, onde concluiu seu mestrado e doutorado, e a Bioquímica era sua paixão desde o início. Ao longo dos anos, assinou mais de 400 artigos científicos publicados em revistas internacionais, tornou-se bolsista de produtividade do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC).
Legado na ciência
Desde 2021, Angela é membro da Academia Mundial de Ciências (TWAS). Atualmente, além de dar aulas na graduação, no curso de Medicina, a professora faz parte do corpo docente do Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas.
— Trabalho porque amo o que faço. Quero que o meu trabalho atinja as pessoas, a ciência melhora qualidade de vida das pessoas. É um trabalho em equipe, já formei mais de 80 mestres e doutores, e essas pessoas estão formando outras. É assim que deixamos nosso legado, e se forma uma corrente de educação e ciência — diz a professora. Ela relata que tem orgulho dos alunos da UFRGS, e que eles vêm mais comprometidos e dedicados a cada ano.
É um trabalho em equipe, já formei mais de 80 mestres e doutores, e essas pessoas estão formando outras.
ANGELA WYSE
UFRGS
Angela também orienta trabalhos no Programa de Pós-graduação em Neurociência Translacional, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e no Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências, da UFRGS. Defensora da democratização do acesso à ciência e à educação, ela desenvolveu um projeto de extensão no Programa de Pós- graduação de Bioquímica, a partir do qual os alunos oferecem oficinas em escolas públicas de Porto Alegre.
O foco da pesquisadora é nos campos da neurociência e neurobiologia. Com seus estudos, demonstrou que a homocisteína, um aminoácido classificado como fator de risco para isquemia e doenças neurodegenerativas, pode causar danos cerebrais. Suas contribuições foram reconhecidas por investigadores do mundo todo.
Os resultados mostram a associação entre uma dieta desequilibrada, rica em proteína animal, com o aumento dos níveis de homocisteína no organismo e, consequentemente, o desenvolvimento de doenças neurometabólicas e neurodegenerativas, como Alzheimer.
Mais recentemente, Angela investigou a neurobiologia da memória, analisando mecanismos associados à modulação comportamental da memória através do exercício físico, da estimulação ambiental e do apoio social, durante o desenvolvimento neurológico pós-natal e na idade adulta.