Um jovem recebe treinamento com máquinas de última geração, mas não pode trabalhar com elas até fazer 18 anos. Clovis Tramontina, um dos empresários mais bem sucedidos do Brasil, levantou a questão durante o 4º encontro do Movimento pela Educação.
Estavam em Bento Gonçalves, o presidente da Assembleia, Vilmar Zanchin (que teve a iniciativa do projeto), pelo menos mais três deputados, o vice-governador, Gabriel Souza, e o presidente do Tribunal de Contas do Estado, Alexandre Postal. Além de vários prefeitos, vereadores, secretários, professores, pais e integrantes das comunidades da região.
A fala de Clovis Tramontina não pode ser confundida com uma defesa inconsequente do trabalho infantil. De fato, a realidade mudou. Produzir de forma segura e controlada, em ambientes adequados e dentro de uma perspectiva de crescimento não é um castigo e muito menos incompatível com a continuidade do processo educacional. Ao contrário. Formação profissional e queda da evasão escolar são termos intimamente relacionados.
Os números no Rio Grande do Sul e no Brasil mostram que, em muitos casos, a necessidade de gerar renda para a família é um dos fatores que afasta dos jovens das salas de aula. Por que não unir as duas coisas? A plateia que lotava o auditório da Fundação Casa das Artes aplaudiu a ideia.
Ana Paula Bennemann, secretária de educação de São Francisco de Paula, trouxe exemplos práticos de como a gestão agrega valor ao processo educativo. E Leandro Moreira, coordenador-executivo do Pacto pela Educação falou sobre a união de esforços como força motora do desenvolvimento, que passa, sempre, pela educação.
Da plateia, veio a pergunta provocativa: “Valorizar os professores é só pagar melhores salários?”. Os três painelistas deram a mesma resposta: não. Treinamento constante, condições de trabalho e autonomia foram termos citados nas justificativas. Treinamento focado no que importa, o aprendizado do aluno. Condições de trabalho direcionadas para a sala de aula. E autonomia com metas e cobrança de resultados.
Quando chegarmos lá, nossa educação, de fato, vai melhorar. O Movimento pela Educação foi planejado para gerar a proposta de um novo marco legal da educação para o Rio Grande do Sul. Tem tudo para ser um passo fundamental na direção de uma solução concreta para os desafios que unem alunos, professores, políticos, gestores, pais, servidores, empresários e todas as comunidades que dependem de um novo futuro. Ou seja, todos nós.
Serviço:
O evento é destinado, principalmente, aos líderes políticos da região, representantes da sociedade civil e profissionais da educação. O próximo encontro do Movimento está marcado para o dia 14 de julho em Santa Cruz do Sul. Esse será o quinto de dez encontros que devem ocorrer até novembro deste ano, quando a Assembleia espera propor um Marco Legal da Educação Gaúcha.