Responsabilidade social é atuar eticamente, com intuito de cuidar do bem-estar do próximo e do meio em que está inserido. Este conceito é importante para o funcionamento de toda a comunidade. Uma maneira de ajudar na implantação dessa ideia, gerando mais consciência nas pessoas, é por meio das instituições de ensino.
Segundo o PNAD Educação 2019, 8,4 milhões de pessoas frequentam cursos de graduação. Logo, envolver uma parte desses alunos em projetos que incentivem a responsabilidade social é uma ótima oportunidade para começar esse processo de conscientização.
Uma das instituições que foca nessa ideia é a Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos). A universidade é responsável por diversos programas sociais realizados por professores e estudantes, para auxiliar as pessoas de São Leopoldo e Porto Alegre.
– Ao longo do ano, promovemos uma série de interações dos alunos com as demandas de comunidades carentes. Nesses casos, uma necessidade desse grupo é trazida para as salas de aula, nesses projetos sociais, e os estudantes auxiliam na resolução desses pedidos – explica o decano da Escola Politécnica, Sandro José Rigo.
Escolas da Unisinos
Os programas criados e realizados na Unisinos estão presentes nas diversas escolas da universidade. Duas que se destacam são a Escola de Saúde e a Escola Politécnica.
A Escola de Saúde da Unisinos tem como premissa o bem-estar físico e mental das pessoas. Ao unir tecnologia e novos conhecimentos, esse braço da universidade busca formar profissionais com perfil humanista que atuem para promover a saúde integral na sociedade.
– A escola tem como propósito a articulação e complementaridade entre os cursos da saúde. Ela visa desenvolver um conhecimento sistêmico interdisciplinar na busca da excelência acadêmica – afirma a decana da Escola de Saúde, Rochele Cassanta Rossi.
Já a Escola Politécnica atua fomentando inovação e sustentabilidade. Esta área do conhecimento procura sinergia entre os cursos para encontrar respostas para os desafios socioambientais contemporâneos. O intuito das formações dessa escola é repensar mercados e cocriar soluções inovadoras para transformar o mundo por meio da tecnologia.
– Nosso maior objetivo é gerar mais colaboração entre os diversos cursos, como computação, engenharia, arquitetura, biologia, geologia e ambiental. Com essa integração e os projetos sociais, buscamos auxiliar as comunidades e encontrar soluções para problemas, a partir de avanços tecnológicos – complementa Rigo.
Projetos Sociais
Além de buscarem a colaboração entre cursos e capacitarem melhores profissionais, ambas as escolas promovem diversos projetos sociais. As atividades auxiliam as comunidades de São Leopoldo e Porto Alegre, trabalhando demandas e problemas desses grupos.
Escola de Saúde
– A Escola de Saúde, por exemplo, possui dois eixos principais de programas. O primeiro atua de forma integrada com o setor produtivo e empresas fabricantes de alimentos, com o objetivo de promover a inovação e estimular o desenvolvimento da tecnologia nacional, agregando valor ao setor alimentício brasileiro. O outro envolve a promoção da saúde, desenvolvendo ações de fomento, prevenção e intervenção no processo de saúde e doença, para impactar positivamente a qualidade de vida das comunidades – comenta Rochele.
Outra iniciativa da Escola de Saúde é o Projeto da Horta. A ação iniciou-se com uma das disciplinas de Medicina, chamada Ciclos de Vida II. O professor Ricardo Lugon realizou uma atividade avaliativa em que os alunos precisavam criar e propor projetos a partir do Programa Saúde na Escola, uma parceria entre os Ministérios da Saúde e da Educação.
– Na atividade, os estudantes deveriam pegar alguns recortes da conversa a respeito de desenvolvimento, com foco em alimentação. No Brasil, vivemos duas situações extremas: a fome e a obesidade. Por isso, eles deveriam reunir um ano de intervenções hipotéticas para cuidar da alimentação infantil, com base nas diretrizes do programa de governo e dos ensinamentos em sala de aula – esclarece o professor da Escola de Saúde, Ricardo Lugon.
Uma dessas ideias acabou se tornando realidade. A estudante Isabelle Gambin Antonini apresentou o trabalho para sua mãe, Kely Gambin, que trabalha na Escola Padre Reus. Ela se interessou pela atividade e decidiu colocá-la em prática. Assim, surgiu o Projeto da Horta – uma horta para a comunidade escolar.
– Foi algo muito orgânico e espontâneo. A aluna que teve a ideia e quis colocá-la em prática, com a ajuda da mãe. Isso é muito interessante, porque mostra como estamos formando médicos já pensando nessa relação intrínseca entre saúde e educação – completa Lugon.
Escola Politécnica
Em relação à Escola Politécnica, os projetos estão mais voltados para as áreas de arquitetura e engenharia. Nesses programas, os alunos e professores vão até regiões de comunidades carentes, em Porto Alegre e São Leopoldo, entrando em contato com esses moradores e descobrindo os problemas e as demandas locais.
Um desses programas faz parte da disciplina Experiências Lúdicas e Práticas, dos cursos de Gestão da Produção Industrial e Engenharia de Produção. Nessas aulas, os alunos criam e montam móveis, com intuito de praticar conceitos de produção.
– A cada início de semestre, converso com os estudantes para escolher um cliente. No nosso primeiro projeto, trabalhamos com a Associação Casa de Passagem de Sapucaia do Sul (ACAPASS), iniciativa que atende crianças em estado de vulnerabilidade – lembra o professor da Escola Politécnica, Felipe Menezes.
Com isso, os alunos e o professor conheceram a casa, para entender as necessidades da associação. Durante a visita, descobriram que os móveis da moradia estavam em péssimo estado de conservação. Como a universidade possui uma área de marcenaria dentro da fábrica, os estudantes ficaram encarregados de projetar uma nova mobília.
– Os alunos fizeram todo o projeto, a concepção e a construção dos móveis. No total, foram cinco estantes coloridas, criadas a partir de materiais enviados por doações de empresas – conclui Menezes.
A última iniciativa está ligada ao ANIMUS – Escritório Modelo de Arquitetura e Urbanismo do Campus Porto Alegre (EMAU POA). O grupo preparou um programa de qualificação e ambientação de um espaço externo da Fundação Pão dos Pobres, em parceria com os estudantes do curso de Marcenaria da instituição.
– Essa demanda veio da própria fundação, com o objetivo de qualificar alguns dos espaços comuns da associação. Ficamos responsáveis por auxiliar a reformar o anexo, onde são realizados cursos técnicos – conta a professora da Escola Politécnica, Débora Becker.
A ideia por trás do programa era promover uma construção colaborativa. Logo, tanto os alunos de Marcenaria, quanto os de Arquitetura e Urbanismo da Unisinos, botaram a mão na massa. No geral, foram construídos quatro bancos de madeira de reuso, floreiras e a micropaisagem.
– Ao falarmos com os estudantes da fundação, ficou claro que a demanda mais urgente era criar um espaço de convivência para o intervalo, porque não havia um local para sentar e fazer o lanche de forma confortável. Então, os alunos das duas instituições preparam um projeto e construíram um ambiente aconchegante para eles – ressalta Débora.
Impacto dos projetos
O intuito dos programas da Unisinos é unir a vida acadêmica aos propósitos pessoais. Assim, é possível gerar ações de alto impacto social e que busquem minimizar a desigualdade.
– Esses projetos são essenciais para os alunos. Por um lado, os estudantes têm contato com demandas sociais, conhecendo melhor a realidade da região em que vivem. E depois de entender as dores dos outros, têm a oportunidade de colocar em prática todos os ensinamentos aprendidos em aula, experienciando o dia a dia da profissão – finaliza Rigo.