A sala de aula é uma das principais referências que vêm à mente quando o assunto é aprendizado. Por outro lado, as experiências práticas, em campo, costumam ser as mais memoráveis, seja no âmbito pessoal ou profissional, já que inspiram o desenvolvimento de relações humanas, coletividade e pensamento crítico.
Ciente desse tipo de demanda, desde 2018 a Ulbra passa por uma reestruturação pedagógica, na qual um dos pilares é a relação entre extensão, pesquisa e ensino. Foi a partir desses esforços que surgiu o modelo do Programa de Extensão Interdisciplinar (PEI), que promove a integração de projetos de extensão aos componentes curriculares da graduação da universidade.
Vale destacar que a extensão universitária segue como um espaço de aprendizagem e criação de conhecimento, no qual os alunos constroem, interagem e teorizam a respeito da própria prática em contextos reais. Só que, agora, ela integra as cargas horárias dos cursos.
– A curricularização da extensão tem por objetivo efetivar a indissociabilidade extensão-pesquisa-ensino, promovendo a formação profissional a partir de contextos, demandas e problemas reais – destaca a coordenadora do curso de Arquitetura e Urbanismo da Ulbra Canoas, arquiteta Márcia Martins.
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Estrutura do projeto
No curso de Arquitetura e Urbanismo da Ulbra Canoas, esta foi a primeira turma a concluir as três disciplinas do Programa de Extensão Interdisciplinar (PEI) da Ulbra. O projeto começou ainda na pandemia, organizado pelos professores arquitetos Charles Pizzato e Andrea Feldmann, e foi apresentado no último dia 14 de julho.
– Os professores da área de Urbanismo de todos os campi da universidade se reuniram e estruturaram o PEI em três disciplinas de Planejamento Urbano e Regional (PUR I, PUR II e PUR III). A ideia era que elas atuassem em sequência, cada uma com uma especialidade dentro da área de planejamento urbano – explica o professor da disciplina de Planejamento Urbano e Regional (PUR) do curso de Arquitetura e Urbanismo da Ulbra, Charles Pizzato.
A partir do mesmo terreno – uma área específica do Morro Santa Teresa, em Porto Alegre –, a cada semestre, as turmas foram aprofundando o conhecimento e os estudos do local. Ao final das três disciplinas, os alunos e professores apresentaram os estudos e proposições para a situação urbana da região.
De acordo com Pizzato, mais do que uma visão de fora dos muros da universidade, ao longo de todo o projeto, os estudantes foram muito estimulados do ponto de vista de trabalho em equipe. Sem falar na oportunidade de se aproximar e dialogar com todos os atores envolvidos em um processo real de urbanismo, como gestores públicos, técnicos e moradores.
Para o estudo no Morro Santa Teresa, as turmas contaram com a colaboração da Secretaria de Justiça e Sistemas Penal e Socioeducativo do Rio Grande do Sul, da Fundação de Atendimento Sócio-Educacional (FASE) e de moradores e associações de moradores da localidade.
– Como as aulas foram remotas nos dois semestres anteriores, só neste ano tivemos contato presencial com os moradores e a área de estudo. Para os alunos, foi um momento de muita alegria e emoção, pois era a primeira oportunidade de ter “usuários de verdade” em seus objetos projetuais – lembra Pizzato.
Experiência transformadora
O Programa de Extensão Interdisciplinar foi uma grande surpresa para os alunos. Por outro lado, Renato Bergamaschi, acadêmico de Arquitetura e Urbanismo da Ulbra, lembra que, quando o conceito foi apresentado, todos acharam muito interessante. Em especial, pela oportunidade de ter contato direto com o “cliente”, podendo ouvir necessidades reais para projetar soluções alinhadas à realidade.
– Eu não fazia ideia do que era o PEI e de quais seriam as atividades propostas. Logo nas primeiras aulas, o professor contou suas intenções com o resultado final do projeto, e fui uma das alunas que mais mostrou entusiasmo com o que o exercício poderia nos proporcionar – conta a acadêmica de Arquitetura e Urbanismo Franciele Nunes.
Na sequência, ao longo de três semestres, os estudantes precisaram enfrentar grandes desafios e limitações para desenvolver o projeto. Entre eles, a aceitação da comunidade do Morro Santa Teresa, o fato de a área em questão ser protegida como patrimônio histórico, e uma série de restrições ambientais relacionadas. Pontos extremamente comuns no dia a dia da profissão e que produziram muitos aprendizados.
– Esse tipo de exercício nos aproxima da realidade, proporcionando vivências e experiências do que nos espera fora do ambiente acadêmico. É uma maneira da graduação nos preparar melhor para o mundo real – acredita Franciele.
Agora e para o futuro
No Programa de Extensão Interdisciplinar de Arquitetura e Urbanismo da Ulbra, a coordenadora do curso destaca que o foco está em dois tipos de objetivos: os comunitários e os acadêmicos. A concretização dessas metas deu à universidade a confiança de que está oferecendo à sociedade profissionais capazes de atuar na melhoria e na construção de cidades mais dignas.
– Acreditamos que, a partir da experiência desse PEI, os futuros arquitetos e urbanistas enriqueceram sua formação e ampliaram seu universo de referências e possibilidades de atuação. Sem dúvida, sairão da Ulbra transformados, tendo a oportunidade de desenvolver competências indispensáveis para atuar como profissionais éticos, coletivos, solidários e comprometidos com a sociedade que estão inseridos – afirma Márcia.
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