Não é exagero afirmar que o mercado da construção civil no Brasil é predominantemente masculino. De acordo com o último levantamento do Caged, em 2016, dos quase dois milhões de profissionais da área no país, apenas 198 mil são mulheres. A presença feminina vem aumentando ano após ano em âmbito nacional, mas ainda a passos lentos. E para incentivar o empoderamento das mulheres no setor, uma parceria entre as lojas taQi e a ONG Mulher em Construção promove pelo Estado uma série de oficinas gratuitas sobre construção, reforma e reparos do dia a dia.
- A ideia é estimular o primeiro passo na capacitação profissional das mulheres que querem fazer do mercado de construção civil uma forma de renda e também dar autonomia a quem pretende fazer reparos simples em casa, como trocar uma torneira, por exemplo - explica a gerente de Marketing da taQi, Roberta Anacleto.
O projeto está na sua segunda edição. Em 2017, foram cerca de 250 alunas capacitadas em cinco cidades: Caxias do Sul, Santa Maria, Capão da Canoa, Rio Grande e Novo Hamburgo.
- Estamos fazendo um trabalho de formiguinha, mas é fácil identificar que existe praticamente um exército feminino em busca de conhecimento e capacitação, por menor que seja a cidade onde elas estejam. São mulheres fortes e determinadas a ter autonomia neste setor e mudar o cenário da construção civil na comunidade delas – diz a diretora da ONG Mulher em Construção, Bia Kern.
Cada oficina tem a duração de dois dias. No primeiro, as alunas aprendem sobre alvenaria, cerâmica, hidráulica e elétrica em uma loja taQi da cidade. No segundo, elas se reúnem em uma instituição para colocar os ensinamentos na prática por meio de uma pintura beneficente. A primeira em 2018 está prevista para ocorrer nos dias 23 e 24 de março, em Dois Irmãos. As próximas datas e cidades serão divulgadas, assim que confirmadas, na página da taQi no Facebook.
Além das oficinas, a parceria entre taQi e a Mulher em Construção vai promover também uma websérie focada na tendência do “faça você mesmo”, que deverá ir ao ar no canal da taQi no Youtube, a partir do dia 8 de março. Desta forma, todas as mulheres que querem ter autonomia na hora de construir ou renovar alguma parte da casa terão livre acesso a técnicas e recursos para colocar a mão na massa, literalmente.
Mulher fora do canteiro de obras é passado
É como se a mulher não pudesse ter credibilidade para atender alguém que pergunta por ferramentas
BIA KERN
diretora da Ong Mulher em Construção
Historicamente, o mercado da construção civil não é muito receptivo ao público feminino. É difícil ver mulheres trabalhando em obras, atendendo em ferragens, ou sendo chamadas para colocar um revestimento na parede, por exemplo.
No Rio Grande do Sul, ainda de acordo com o último levantamento da Caged, a questão do gênero é clara: menos de 10% dos trabalhadores eram mulheres, em 2016.
- As mulheres hoje estão dando a resposta para esse número. Afinal, quem disse que elas não podem colocar um tijolo na parede e preparar um cimento? A mulher é caprichosa e detalhista, capacidade elas têm de sobra – afirma Bia.
De acordo com a presidente da ONG Mulher em Construção, as ações para mudar o cenário do setor são muitas, mas ainda há um longo caminho pela frente. A taQi, por exemplo, ampliou a busca por profissionais do sexo feminino e conta com um número vendedoras de material de construção e ferramentas cada vez maior.
- Não é uma questão de defender as mulheres apenas, pois sabemos que a sociedade é formada pelos dois lados e que ambos precisam de capacitação e trabalho para se sustentar. Queremos somente garantir o lugar de mulheres capacitadas e profissionais em um nicho do mercado de trabalho ainda tão desigual - finaliza Bia.