A partir desta quinta (14), o Campus II da Feevale, em Novo Hamburgo, no Vale do Sinos, reúne profissionais, líderes e especialistas de diversas áreas em busca de conexões e fomento para novas ideias. Gratuito e aberto ao público, o Feevale Summit terá programação focada em apontar tendências, gerar novos negócios e fortalecer o ecossistema de inovação.
A expectativa, segundo a universidade, é reunir mais de 50 empresas e cerca de 5 mil participantes nas diferentes atividades. As inscrições para os dois dias de encontro podem ser feitas neste link: www.feevale.br/summit.
Entre os nomes que são destaques em criatividade, tecnologia e inovação confirmados está Flávio Steffens, palestrante, empreendedor e sócio-diretor de relacionamento do site Vakinha. Criado por gaúchos, o site é hoje uma das maiores plataformas de crowdfunding do Brasil. Em entrevista a GZH, Steffens, que se apresenta como especialista em fracasso, destaca os erros mais comuns cometidos pelos empreendedores e a importância de normalizar o fracasso e os recomeços no processo de desenvolvimento de um novo negócio. Ele fala a partir das 14h40min desta quinta-feira, no palco 360.
Quais são os erros mais comuns que costumam levar ao fracasso de um negócio?
O primeiro deles é a pessoa ter muito plano e pouca ação, ter muitas ideias e não as tirar do papel. Muitas vezes, o empreendedor passa muito tempo trabalhando na solução, na tentativa de lançar um projeto perfeito e sequer testa a solução no mercado. O segundo erro é quando os empreendedores se apaixonam tanto pelas ideias que não são capazes de aceitar feedbacks e críticas construtivas. A pessoa se prende a uma visão idealista e não avalia na prática se o projeto realmente está no caminho certo, não escuta.
O último problema que acontece muito é que os empreendedores criam planos e acham que tudo vai correr como o planejado. O mercado depende de uma série de fatores que a gente não controla. Nenhum plano vai ser realizar automaticamente. E quando o empreendedor descobrir que o plano precisava de ajustes, pode ser tarde demais.
Como contornar esses problemas e manter o negócio sustentável?
Empreender é inovar, desenvolver um projeto que ainda não existe, ainda não foi testado. Quando a gente faz isso, tem uma chance muito grande de não dar certo na primeira vez. Para correr o menor número de riscos possível, você precisa tentar várias vezes. Gosto de uma frase que diz que todo problema tem uma solução, mas nem toda solução tem um problema. Ou seja, primeiro, é necessário identificar o problema, descobrir quem são as pessoas afetadas por ele e quanto isso custa para essas pessoas. Aí que você começa a pensar em uma solução que realmente faça sentido. Começa por aí.
E quando não tem como contornar os erros e a única saída possível é recomeçar? Como lidar com a frustração do fracasso?
É aí que entra a questão do ponto de vista. A gente normalmente enxerga os erros como fracassos, e o fracasso como ponto final, o fim da linha. Mas temos que entender que o fracasso é um meio, é parte do processo exploratório. É uma forma de aprender com os erros, testar, e depois recomeçar de uma forma diferente, quantas vezes for necessário. Sempre digo que temos que fracassar muito rápido e aprender a recomeçar mais rápido ainda, repetindo o ciclo. Uma frase que eu costumo dizer na palestra é que quanto mais você executa, mais você falha. Quanto mais você falha, menos você se importa, e quanto menos você se importa, mais você executa.
À primeira vista, ainda pode parecer estranho para alguns ouvir um “especialista do fracasso”, como você se apresenta. Você acredita que os empreendedores estão começando a aceitar melhor esse ciclo de erros e acertos?
Há pelo menos dez anos eu falo sobre isso. Comecei a focar totalmente no assunto em 2012, quando criei o projeto FailCon, junto com o Rafael Chanin. É uma série de conferências para empreendedores que busca trazer discussões sobre as falhas e caminhos para o sucesso. Tem sido muito bacana, encontramos muitas pessoas dispostas a compartilhar seus erros. Quanto mais se fala sobre isso, mais aprendemos com os erros dos outros, e assim vamos encontrando atalhos e estratégias para o sucesso.
Você disse que o fracasso te ajudou a chegar onde está, considerando sua trajetória profissional. Qual foi a importância dos erros ao longo deste percurso?
Quando decidi empreender, em 2010, eu desenvolvi um projeto na área de construção civil. Havia muitas startups surgindo e eu achei que ia ganhar muito dinheiro, acreditava que meu projeto era super promissor. Mas deu absolutamente tudo errado, ninguém se interessou pela solução. E eu continuei insistindo até cair a ficha de que não tinha mais o que fazer. Foi isso que me fez virar a chave e perceber que empreender não é tão fácil assim. Comecei a estudar sobre os motivos que nos levam ao fracasso, como a falta de pesquisa de mercado, a falta de planejamento, e a imprevisibilidade. E foi assim que decidi compartilhar isso com outras pessoas.
Ajuda para as vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul
Diversas vaquinhas foram lançadas no site www.vakinha.com.br para arrecadar doações para as vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul. Mais de R$ 3 milhões em doações já foram movimentados desde o início da tragédia, na semana passada. As campanhas podem ser acessadas aqui.
Como participar do Feevale Summit
- Quando: 14 e 15 de setembro
- Onde: Universidade Feevale, Campus II, em Novo Hamburgo
- Inscrições: no site www.feevale.br/summit
- O evento é gratuito. Para as palestras de abertura e encerramento, é solicitada a doação de 2kg de alimentos não perecíveis.
Destaques da programação
Na abertura, que ocorre nesta quinta-feira, às 20h, o comunicador Marcos Piangers realiza a apresentação “Protagonismo e felicidade: a mudança que você faz no mundo”. Outro destaque na programação é a palestra com Nina Silva, uma das fundadoras do Movimento Black Money – hub de inovação para inserção e autonomia da comunidade negra que fomenta o letramento identitário e o mindset de inovação no ecossistema afroempreendedor.
A executiva, que foi considerada a mulher mais disruptiva do mundo em 2021, é responsável pela atividade de encerramento, na sexta-feira, às 20h. O tema é a tecnologia para o impacto social. A entrada para ambas as conferências acontece mediante doação de 2kg de alimentos não perecíveis, que deve ser entregue no acesso ao evento.
Entre as atividades previstas, está também a Feira de Empregabilidade, que busca garantir interação entre o mercado de trabalho e a formação profissional. Nos dois dias de atividades, das 9h30min ao meio-dia e das 13h às 19h30min, na Rua Coberta, interessados podem visitar expositores, que apresentarão diferentes marcas e a filosofia adotada por cada empresa. Na ocasião, serão disponibilizadas mais de 1,2 mil vagas, entre estágios, aprendizagens e efetivos, em diferentes áreas. Será possível cadastrar currículo na hora.
Haverá, ainda, a competição de aceleração de startups chamada Like a Boss, os espaços abertos de colaboração Open Labs e Open Park e uma rodada de negócios. Outros dois ambientes abrigam uma série de pequenas palestras, de cerca de 30 a 40 minutos: o Palco 360, na Rua Coberta, e o Palco Sicredi, no Espaço Juntos, com foco em inspirar e apresentar tendências. Os debates serão ministrados por nomes de destaque nos mercados de criatividade, tecnologia e inovação. A programação completa pode ser conferida aqui: https://conteudo.feevale.br/feevale-summit.
A programação completa pode ser conferida aqui.
Parcerias
O Feevale Summit tem parceria da Sicredi, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Associação dos Municípios do Vale Germânico (Amvag) e Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Novo Hamburgo, Campo Bom, Estância Velha e Dois Irmãos (ACI). Conta com apoio da Unimed Vale do Sinos. O Grupo RBS é media partner.