A quarta-feira (16) foi de atividades sindicais de professores em diferentes municípios gaúchos e de outros Estados, convocadas pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE). No RS, ocorreram mobilizações em cidades como Porto Alegre, Bagé, Cachoeira do Sul, Novo Hamburgo e Lajeado. Não houve paralisação na maioria das escolas.
As principais reivindicações são o pagamento do piso do magistério para toda a categoria (docentes e funcionários) e, em nível nacional, a revogação do Novo Ensino Médio.
— Estão retirando do Novo Ensino Médio conteúdos importantes formativos, diminuindo muito a carga horária de áreas como Filosofia, Sociologia, História e Educação Física. Os alunos da rede pública perdem muito conhecimento que os das escolas particulares continuarão tendo — critica a presidente do Cpers/Sindicato, Helenir Schürer, que aponta como consequência um desempenho pior dos estudantes da rede pública no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e um acesso mais reduzido ao Ensino Superior.
O Novo Ensino Médio, implementado de forma gradual a partir deste ano em todas as escolas do Brasil, divide o currículo dessa etapa em duas partes – uma é composta por uma carga horária obrigatória para todos os alunos, enquanto na outra o estudante precisa escolher uma área para se aprofundar. Helenir se refere à carga horária obrigatória, que teve redução em todas as disciplinas, exceto Língua Inglesa.
A presidente do Cpers reforça que o sindicato concorda que são necessárias modificações no Ensino Médio, mas que a reforma precisa ser discutida de forma ampla com os professores, os alunos e as famílias.
— Não há problema em o Ensino Médio ser oferecido concomitantemente com uma formação profissional, mas ele tem que seguir dando oportunidades para que os estudantes entrem na universidade. O Novo Ensino Médio exige que crianças de 14, 15 anos decidam o que querem para o futuro de toda a sua vida — pontua a sindicalista.
Em Porto Alegre, a mobilização ocorreu em frente ao Instituto de Educação General Flores da Cunha (IE) e reuniu dezenas de pessoas com mesas, cadeiras e cartazes que traziam reivindicações e problemas percebidos pela categoria na educação local. Segundo a diretora do 39º Núcleo do Cpers, que abrange as escolas da Zona Sul da Capital, Neiva Lazzarotto, a escolha do lugar se deu porque o grupo entende que ele simboliza algumas das necessidades das instituições de ensino.
— O Instituto de Educação está fechado há muito tempo, o que simboliza o descaso com as escolas. Muitas escolas estão necessitando de reformas e reparos urgentes. Em Porto Alegre, há instituições trabalhando sem luz — denunciou Neiva.
De modo geral, a mobilização não contou com paralisação nas atividades escolares, por orientação da CNTE. A exceção, conforme Neiva, foi o Colégio Estadual Coronel Afonso Emílio Massot, que fechou as portas e compareceu em peso no ato. A ideia é mobilizar os professore e os funcionários para a assembleia geral da categoria, prevista para 1º de abril.
— Esse dia de mobilização já ajuda que a assembleia seja forte e representativa — avalia a diretora.
Procurada, a Secretaria Estadual de Educação (Seduc) não respondeu aos questionamentos da reportagem de GZH até o fechamento desta reportagem.