O ano de 2022 será movimentado na rede estadual de ensino. Com aulas previstas para iniciarem no dia 21 de fevereiro, as escolas devem apresentar atividades e benefícios diferentes dos que existiam até então. Em entrevista a GZH, a secretária estadual de Educação, Raquel Teixeira, enumerou alguns planos já definidos e outros em definição para os próximos dias, com foco em preparar melhor os alunos para o mercado de trabalho e, ao mesmo tempo, mitigar as perdas de aprendizagem ocorridas em 2020 e 2021, durante as aulas remotas.
Um grande aliado para tirar os planos do papel é o incremento de verbas permitido pelo programa Avançar na Educação. Anunciado em outubro e com orçamento de R$ 1,2 bilhão, a promessa é resolver os problemas emergenciais de estrutura das escolas, oferecer computadores para alunos em 100% das instituições de ensino e pagar bolsas em dinheiro para estudantes, como estratégia de redução da evasão escolar.
Bolsas para alunos de baixa renda
A oferta de bolsas para estudantes de baixa renda da rede estadual de Ensino Médio foi iniciada ao apagar das luzes de 2021, no dia 23 de dezembro. O pagamento de R$ 150 por mês será mantido até dezembro de 2022, por meio do programa Todo Jovem na Escola.
Para receber o valor, além de frequentar as aulas, os estudantes precisam ter acesso ao Cartão Cidadão, que é utilizado para saques de benefícios estaduais. No total, 71.239 alunos estão cadastrados para receber a bolsa.
Reforço em Português e Matemática
Parte do programa Aprende Mais, as aulas extras de Português e Matemática serão mantidas até o final do ano letivo de 2022, segundo a secretária. Foram chamados, por meio de contratação temporária, cerca de 4 mil professores para atuar em todas as etapas da Educação Básica nas mais de 2,3 mil instituições estaduais de ensino, como forma de mitigar as perdas de aprendizagem ocorridas ao longo das aulas remotas, em 2020 e 2021.
— Não podemos fingir que não houve perdas e fingir que estamos tocando daqui para a frente. Temos que recuperar o que ficou para trás e, por isso, esse programa continua — relata Raquel.
O programa, já em andamento no segundo semestre do ano passado, oferece duas horas a mais de Português e três horas a mais de Matemática por semana. Com isso, os períodos de outras matérias diminuíram de 60 para 50 minutos.
4º ano do Ensino Médio
De caráter optativo, o quarto ano do Ensino Médio será oferecido em paralelo ao ano letivo regular. No entanto, terá o currículo bem diferente do previsto do primeiro ao terceiro ano – o foco será nas disciplinas de Português, Matemática, Inglês, Projeto de Vida, Mundo do Trabalho e Cultura Digital.
A Secretaria Estadual de Educação (Seduc) fez uma pesquisa individual, em 2021, com todos os alunos que cursavam o terceiro ano do Ensino Médio, a fim de entender qual seria o interesse da comunidade escolar em frequentar o quarto ano. Dos cerca de 74 mil estudantes matriculados, 12 mil (em torno de 16%) manifestaram vontade de participar das aulas.
— Eles demonstraram estar bastante interessados em Português, Matemática, Inglês, Projeto de Vida, Mundo do Trabalho e Informática, o que corresponde justamente ao perfil que o próprio empresariado gaúcho deseja. Os empregadores esperam domínio de comunicação, língua portuguesa, pensamento crítico, raciocínio lógico, pensamento computacional, domínio de informática, domínio de inglês. Então, esse quarto ano será focado nisso — resume a secretária de Educação.
Os estudantes também manifestaram que prefeririam que as aulas fossem híbridas – uma parte presencial e outra virtual. Por isso, a Seduc está planejando as atividades nesse formato.
Aulas no contraturno
Uma novidade para 2022 será o Projeto Alicerce, que já passou por uma experiência piloto no ano passado em três escolas de Porto Alegre. A ideia é oferecer aulas no contraturno para os alunos do segundo e do terceiro ano do Ensino Médio, com foco em Português, Matemática, Projeto de Vida e Cultura Digital, áreas que a Seduc entende que mais serão demandadas aos jovens do século XXI.
— O ideal do Ensino Médio é que ele seja de tempo integral, mas a oferta dessa modalidade no Rio Grande do Sul é muito pequena e eu não vou consegui transformar as escolas em tempo integral de uma hora para a outra. Nem todo aluno tem disponibilidade e precisaria de bolsas que o Estado não pode pagar. É um caminho que tem que ser percorrido e concretizado em algum momento, mas, até lá, vamos criando alternativas como o contraturno e a bolsa de permanência — resume Raquel.
Disciplinas como Projeto de Vida e Cultura Digital estão previstas no currículo do Novo Ensino Médio, que será implementado para as turmas de primeiro ano em 2022. Como os segundos e terceiros anos não serão abrangidos pela reforma – eles seguem com o currículo antigo – essas aulas serão optativas para esses alunos, ministradas no contraturno.
Por enquanto, ainda não está definido quantas escolas receberão as aulas extras – a Seduc está realizando um levantamento e deve ter a definição disto na semana que vem. A intenção é oferecer as classes nas instituições de ensino que tiverem espaço para comportá-las. Caso não seja possível abranger todas, por conta do custo, a prioridade será de escolas localizadas em regiões com indicadores mais altos de criminalidade.