Com o decreto que determina o retorno obrigatório para as salas de aula a partir da próxima segunda-feira (8), os municípios mais populosos do Estado estão organizando suas redes para receber a parcela expressiva de estudantes que não retornaram para o ensino presencial híbrido. GZH buscou ouvir as secretarias de educação das cidades com mais de 200 mil habitantes.
O novo regramento estabelecido pelo governo estadual envolve todos os estudantes da Educação Básica das redes pública e privada de ensino. As etapas abrangidas são Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio, inclusive matrículas na Educação de Jovens e Adultos (EJA). A obrigatoriedade não afeta instituições de Ensino Superior. Na prática, o decreto retira a anuência da família sobre a volta presencial e somente os estudantes com comorbidades poderão permanecer em ensino remoto.
No entanto, o tamanho das salas de aula é um desafio. Por falta de espaço, dentre as 85 escolas municipais de Canoas, 25% delas manterá o rodízio que já vem sendo feito com o ensino híbrido. A secretária da Educação, Sônia Oliveira, ressalta que não haverá prejuízo aos estudantes. Ela afirma que 9,5 mil estudantes ainda seguem no ensino exclusivamente remoto e a volta às aulas presenciais trará benefícios.
— Quem questiona sobre o retorno já em novembro, a pouco tempo de finalizar o ano, respondo que toda aula presencial bem planejada faz toda a diferença na vida de um aluno — afirma.
A decisão de não obrigar a volta de 100% dos alunos não fere a norma estadual, já que o decreto estabelece que as instituições que não têm área adequada para receber todos os estudantes com distanciamento podem seguir em revezamento.
Em Alvorada, a estimativa é de que não será necessário manter revezamento entre os estudantes. Conforme a secretária Neusa Machado, todas as instituições de ensino municipais vão manter o distanciamento entre as classes. Paralelamente, por meio da busca ativa, os diretores das escolas estão buscando os cerca de 20% de alunos que evadiram.
— Vamos saber exatamente quantos voltaram somente na próxima semana, mas a expectativa é muito positiva. Para manter o distanciamento entre as crianças e os adolescentes, se necessário, os gestores das escolas vão dividir as turmas e todos poderão retornar — relata a gestora.
Na Região Metropolitana, os municípios de Gravataí e Viamão ainda estão avaliando suas estruturas e não responderam como vão organizar a retomada presencial obrigatória. A Secretaria Extraordinária para a Covid de Porto Alegre vai publicar um decreto disciplinando as diretrizes do município ao decreto estadual.
Em Novo Hamburgo, poucas mudanças
No Vale do Sinos, Novo Hamburgo conta com 89 escolas municipais e 24 mil alunos na rede. Cerca de 1,5 mil ainda permanecem no ensino híbrido ou totalmente remoto, por opção dos pais ou por serem estudantes com comorbidades.
Na rede, conforme a secretária da Educação, Maristela Guasselli, todos os colégios já conseguiram estabelecer o ensino presencial, com adaptações para manter o distanciamento entre as crianças e adolescentes. O decreto estadual muda pouco a organização do ensino no município.
— Estamos bem organizados e todas as escolas já retomaram o ensino presencial. Alguns alunos que têm comorbidades ainda não voltaram. Quanto aos demais, estamos entrando em contato com os pais e verificando como fazer este retorno — ressalta.
São Leopoldo informou que está realizando adequações nos estabelecimentos de ensino e busca ativa aos 20% de alunos da rede que estão em ensino totalmente remoto. Entretanto, em nota, a Secretaria da Educação informou que, faltando tão pouco tempo para o encerramento do ano letivo, não faz sentido obrigar os estudantes a retornarem presencialmente. Adicionalmente, o município mantém 1,5 metro de distanciamento entre os alunos, portanto, várias das 36 escolas manterão o rodízio das crianças e adolescentes.
Na Serra, o jornal Pioneiro averiguou a situação em Caxias do Sul. Na semana passada, a titular da Secretaria Municipal da Educação (Smed), Sandra Negrini, afirmou que a cidade não obrigaria os estudantes a voltarem na integralidade às salas de aula. A decisão não fere o decreto do governador Eduardo Leite.
Passo Fundo e Santa Maria
No Norte do Estado, Passo Fundo tem 17 mil alunos estudando nas escolas municipais e 80% deles estão no sistema híbrido. Com isso, aproximadamente 3,4 mil ainda não voltaram para a sala de aula.
Na Educação Infantil, somente três colégios não atenderão 100% diariamente, pois estão passando por melhorias na estrutura física. De Ensino Fundamental, no momento, das 35 escolas municipais de Passo Fundo, 29 conseguirão atender 100% presencial diariamente e seis farão escalonamento em algumas turmas, devido a organização do espaço físico, conforme distanciamento de 1 metro.
Com 80 escolas, Santa Maria vai manter o revezamento em algumas escolas. A prefeitura orientou as instituições a observarem as realidades individuais – tanto dos alunos quanto de estrutura –, buscando identificar situações pontuais e realizando revezamentos na medida do possível.
A Secretaria da Educação também solicitou que as escolas façam uma busca ativa dos alunos que ainda não retornaram de forma presencial e entendam os motivos. A iniciativa também serve para que os pais ou responsáveis se comprometam tanto com o retorno quanto com o cumprimento das medidas sanitárias.