No centenário de Paulo Freire, completado neste domingo (19), o pesquisador e biógrafo Sérgio Haddad afirma que há muita desinformação nas críticas feitas ao célebre educador brasileiro, reconhecido internacionalmente. Mas o autor de O Educador - Um Perfil de Paulo Freire acredita que os ataques que ganharam força no governo de Jair Bolsonaro ajudaram a impulsionar a busca por conhecimento sobre Freire, que, destaca, sempre esteve ao lado dos mais pobres e nunca foi comunista, mantendo-se crítico a qualquer governo autoritário.
Há um entendimento equivocado de quem foi Paulo Freire?
Tem muita desinformação na crítica: por exemplo, ele nunca foi comunista. Era, sim, um pessoa de esquerda, estava do lado dos mais pobres, mas não se alinhava a nenhum governo autoritário, foi crítico com os comunistas. Mas há aqueles que não querem saber, criticam porque foi secretário do PT.
Onde é possível ver Freire nas escolas atuais?
Nas escolas mais participativas, que trazem o conhecimento dos alunos para a sala de aula. Freire fala que se um professor passa um ano dando a sua aula e no fim ele é o mesmo, algo está errado. Esse estímulo a refletir no processo educativo é freireano.
Os ataques o enfraqueceram?
Acho que a quantidade de eventos, de textos, que vêm sendo feitos foi também muito impulsionada por essa conjuntura. Desde a campanha, com ministros da Educação atuais, foi surgindo um movimento em defesa do legado de Freire e de debate sobre seu pensamento e obra. Se ele estivesse vivo, seria uma voz muito forte para confrontar o que está ocorrendo. Ninguém é obrigado a gostar dele, mas respeitar seu reconhecimento internacional seria uma forma de respeito à ciência.
O que será que ele diria sobre Bolsonaro?
Ele estaria muito bravo, estaria verbalizando uma raiva, mas também o esperançar. A importância de saber que o futuro não é inexorável.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.