A Reitoria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) prorrogou a suspensão das atividades presenciais até o final de setembro por conta da pandemia, em portaria de 26 de agosto. A medida visa resguardar a saúde de professores, funcionários e alunos, mas tem sido motivo de reclamações de parte dos estudantes da instituição, principalmente entre alguns acadêmicos da graduação, que criticam o sistema de aulas síncronas (ao vivo) ou assíncronas via plataforma educacional Moodle.
Desde o começo da pandemia, os educadores podem ministrar as aulas online, deixando-as gravadas para aqueles estudantes que não consigam acompanhar. No entanto, estudantes reclamam da falta de suporte por parte de alguns professores.
Um estudante do curso de Licenciatura em Física, que tem disciplinas da área de exatas e de humanas, ressalta que as aulas ministradas por docentes da Faculdade de Educação (Faced) têm sido boas. Porém, as lições dos professores da Matemática deixam a desejar desde que a UFRGS suspendeu as atividades presenciais, em março de 2020.
— A gente entra na faculdade com muito medo porque todo mundo sabe que cálculo é muito difícil, considerando que é uma matéria muito pesada e se estende por vários semestres do curso. Não ter o acompanhamento dos professores é horroroso. As aulas de cálculo não foram síncronas — disse o aluno do quarto semestre.
Alunos do curso de Direito também reclamam que um professor disponibilizou todas as aulas gravadas para as disciplinas de Introdução à Ciência do Direito II e Lógica Deôntica na plataforma e não destinou nenhum espaço para dúvidas, assim como não responde aos e-mails dos estudantes. Nenhum aluno quis se identificar.
O tema das aulas a distância gerou até mesmo brigas entre estudantes de uma turma do curso de Ciências da Computação em um grupo de WhatsApp.
Resposta da Universidade
A UFRGS decidiu suspender as aulas presenciais para evitar contaminações em sala de aula e no trajeto dos alunos que utilizam transporte público em março do ano passado, mas as aulas remotas começaram somente em julho. Uma resolução determinou diretrizes para nortear as aulas durante a pandemia. O vice-reitor de Graduação, Leandro Raizer, ressalta que os professores têm autonomia para a elaboração das atividades, mas há incentivo para a realização de aulas ao vivo:
— Nos planos de ensino, as atividades podem ser síncronas ou assíncronas, e isso precisa estar bem claro. O professor tem que destinar um tempo para tirar dúvidas, mas isso tem que ser acordado com os alunos. Os estudantes podem fazer reclamações diretamente para os coordenadores de seus cursos e na ouvidoria da universidade, disponível no site da UFRGS.
Quanto a denúncias, a instituição informou que existe um procedimento disciplinar envolvendo apenas um professor da Escola de Engenharia, caso revelado em reportagem de GZH. Na ocasião, o docente gritou e humilhou estudantes durante um encontro síncrono.
Ainda não há previsão para a retomada das aulas presenciais, mesmo que a portaria de suspensão das atividades se estenda até 30 de setembro. A maior parte das universidades mantém aulas híbridas neste segundo semestre. A UFRGS teve atraso de um semestre inteiro e iniciou o primeiro período letivo de 2021 em 2 de agosto.