A apenas algumas semanas da data prevista de retorno gradual às aulas presenciais no Rio Grande do Sul, projetada pelo governo para a primeira metade de setembro, a Secretaria Estadual da Educação (Seduc) afirma que está fazendo um levantamento para saber quantos professores da rede estadual de ensino têm mais de 60 anos ou comorbidades que podem agravar os sintomas do coronavírus. Conforme o governo do Estado, a análise é feita por meio das 30 Coordenadorias Regionais de Educação (CREs), que levam em conta se os docentes possuem alguma doença que os incluam no grupo de risco. Quando finalizar o levantamento, a Seduc promete divulgar o resultado.
Esses números são fundamentais para se saber quantos e quais professores poderão ou não retornar às escolas quando as aulas presenciais forem retomadas, e definir se Estado e municípios terão até de promover a contratação de novos docentes de forma emergencial ou por concursos públicos realizados anteriormente. As aulas presenciais foram suspensas devido à pandemia.
Em pesquisa online feita pelo Cpers-Sindicato, 481 de 1.168 professores ao redor do Estado afirmaram se enquadrar em algum grupo de risco. Quer dizer que 41,1% dos profissionais que responderam ao questionário disseram ter alguma condição que dificultaria seu retorno à sala de aula. A pesquisa não especificou, porém, quais seriam os grupos de risco. O sindicato acredita que esse "dado elevado se deve, em parte, ao grande número de trabalhadores em idade avançada".
Na rede particular, o Sindicato do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (Sinepe-RS) não tem esse levantamento, mas ressalta que as instituições têm feito coletas individuais para organizar e preparar o trabalho no possível retorno presencial.
O Colégio Dom Bosco, na Capital, mandou um questionário no final de junho para o corpo docente. Concluiu que, dos 65 professores, apenas três têm doenças crônicas e dois são idosos.
— O nosso índice ficou baixo. Com um possível retorno, a gente pode pensar em reforço de profissionais, mas o professor que não puder vir à escola provavelmente estará transmitindo as aulas de casa — complementa a diretora-executiva Maria Elvira Jardim Menegassi.
Porto Alegre mapeou 10% de professores em grupos de risco
A Secretaria Municipal de Educação de Porto Alegre fez o levantamento a partir de dados do setor de Recursos Humanos, concluindo que, dos 3.445 professores, 283 têm mais de 60 anos e 73 são doentes crônicos. Isso significa que 10% do corpo docente municipal se enquadra em grupos de risco.
— Claro que, no retorno, professores podem apresentar atestado e esses dados podem não corresponder exatamente ao quadro que teremos disponível. Mas é um número relativamente confortável, especialmente em comparação a outros lugares do Brasil — destaca o secretário municipal da Educação, Adriano Naves de Brito.
A pasta acrescentou que a prefeitura tem contratos temporários para suprir as necessidades (há, no momento, 241 ativos) e a possibilidade de realizar novas contratações emergenciais, se necessário.
O secretário ressalta ainda que não há previsão de retorno às aulas na rede municipal e que, possivelmente, professores em grupo de risco poderão seguir trabalhando de forma remota.