A retomada de quatro instituições privadas de Venâncio Aires que fazem recreação com crianças de seis a 12 anos não desrespeita decreto estadual para combater a covid-19. A afirmação é da Procuradoria Geral do Estado (PGE), que a pedido de GaúchaZH avaliou a volta a essas atividades no município do Vale do Rio Pardo.
Segundo a PGE, que se manifestou em nome do governo gaúcho, esses centros recreativos no contraturno não estão enquadrados entre as atividades relacionadas ao sistema estadual de ensino. Por isso, ainda de acordo com a procuradoria, os estabelecimentos não estão com funcionamento suspenso pelo Decreto 55.292/20 — que estabelece normas para instituições de ensino no Rio Grande do Sul, conforme medidas de prevenção e de enfrentamento à epidemia.
Trata-se do mesmo entendimento manifestado pela prefeitura de Venâncio Aires, que autorizou a volta às atividades. A administração municipal também afirmou não se tratar de atividade de ensino e estaria autorizado pelo Estado.
Entretanto, a procuradoria faz uma ressalva. Por se tratarem de outras atividades de ensino — conforme a Classificação Nacional de Atividades Econômicas — esses centros têm de observar as exigências sanitárias nas normativas municipal e estadual e protocolos gerais conforme bandeira da região.
Circulação de pessoas é preocupante
Impedidas desde março pelo coronavírus, crianças entre seis e 12 anos puderam retornar aos espaços, com autorização da prefeitura, no dia 11 deste mês, o que fez da cidade uma das primeiras a voltar nesse tipo de atividade, ainda de forma parcial. Na semana passada, a coordenadora do projeto na prefeitura de Venâncio Aires, Daniele Mohr, explicou que apenas crianças saudáveis e sem convivência com pessoas do grupo de risco foram selecionadas para as atividades. Também, segundo ela, crianças, familiares e funcionários foram testados antes e serão novamente aferidos ao final de 21 dias.
GaúchaZH esteve em um desses locais, o centro recreativo Nuvem de Algodão, no bairro Xangri-Lá. Foram colocadas fitas vermelhas em X no chão, indicando onde as crianças deveriam aguardar antes de ingressar no pátio. Na entrada, havia um tapete com água sanitária e, com ordem da monitora cada aluno tinha de contar 15 segundos antes de dar o passo à frente. A febre era aferida, o álcool em gel espalhado nas mãos e a máscara checada antes de se permitir a entrada.
O médico infectologista da Santa Casa e professor da Ulbra Claudio Stadnik leu as medidas adotadas nesses locais. Para ele, as precauções adotadas são úteis e, se seguidas à risca, ajudam a prevenir a contaminação. Um desafio, entretanto, é mantê-las todos os dias, sem relaxar nenhum cuidado. Mas é outra variável que mais o preocupa.
— Eu diria, até, que é o mais importante que isso tudo gera: circulação de pessoas. O mais relevante nesse caso é circulação diária no entorno daquele centro. Gente indo levar e indo buscar as crianças todo dia, sem contar as pessoas que atuam naquele local — explica Stadnik.