O número de alunos do Ensino Superior estudando na modalidade a distância (EAD) será maior que na presencial em 2022, segundo um estudo da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) em parceria com a empresa de pesquisas educacionais Educa Insights.
A projeção inicial dos pesquisadores indicava que isso só ocorreria em 2023, mas as quedas em índices de emprego e renda da população brasileira causadas pela pandemia da covid-19 e o aumento da oferta de cursos de graduação 100% online ou híbridos (em que parte das aulas ocorrem virtualmente) devem acelerar esse processo.
— Na prática, o que estamos vivenciando é a tecnologia possibilitando a inclusão das camadas sociais mais vulneráveis no ensino superior — afirma o diretor presidente da ABMES, Celso Niskier.
Com a aceleração dessa tendência, o presidente do Sinepe-RS, Bruno Eizerik, propõe uma reflexão: as pessoas estão migrando para o EAD pela qualidade ou pelo preço?
— Não quer dizer que não tem cursos EAD com qualidade, mas temos de pensar sobre isso com muita calma. Afinal, acontece muito em razão de uma questão econômica: se pudessem optar entre as duas modalidades com o mesmo preço, muitas pessoas prefeririam o presencial — avalia.
É provável que, em 2019, a educação a distância já tenha ultrapassado a presencial em número de novas matrículas. De acordo com o último Censo da Educação Superior, divulgado pelo Ministério da Educação (MEC), em 2018 as duas modalidades já apresentavam uma diferença de apenas 243 mil matrículas. No entanto, o agravamento da situação econômica vem provocando crescimento da EAD, que possui mensalidades mais acessíveis que os cursos presenciais, além de maior flexibilidade para conciliar trabalho e estudo.
A estimativa é de que em 2019 o número de novas matrículas em EAD tenha ficado em cerca de 1,66 milhão, contra 1,48 milhão da modalidade presencial. A expectativa é de que os dados sejam confirmados com a divulgação do Censo da Educação Superior 2019, previsto para ocorrer em outubro deste ano.
O levantamento faz parte da terceira etapa da pesquisa que mede os impactos da pandemia da covid-19 no Ensino Superior, que teve início no mês de março. De acordo com a pesquisa, que ouviu 1.607 pessoas, entre estudantes e pessoas que pretendem ingressar no ensino privado superior pelos próximos 12 meses, 94% dos estudantes quer dar continuidade aos estudos, independentemente dos impactos da pandemia.
O percentual é bastante parecido com a primeira e a segunda etapa da pesquisa, onde houve variação de apenas três pontos percentuais. Entre os estudantes das modalidades presencial e a distância (EAD), é possível perceber a elevação do risco de deixar a faculdade. Nesta edição, 47% dos estudantes presenciais apontaram riscos de desistir do curso em razão da pandemia.
Assim como nas etapas anteriores, a principal preocupação dos estudantes atuais é com a manutenção do emprego e da renda. Quando perguntados sobre os principais fatores que poderiam acarretar na interrupção dos seus estudos, 60% dos estudantes apontaram para a perda de emprego como fator determinante.
O fechamento de empresas e comércios em razão do isolamento social imposto pela covid-19 afetou o rendimento de parte dos alunos. Quando perguntados sobre esse tema, 60% afirmaram não ter sofrido impactos significativos com a pandemia. No entanto, 22% informaram ter perdido o emprego. No levantamento anterior, esse percentual era de 20%. O índice de demissões relatadas foi alto, porém, somente 11% desse total informou que pretende deixar ou já deixou o curso.