Instituições tradicionais, como a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que figuram entre as 20 melhores do país segundo o Ranking Universitário Folha (RUF) 2019, divulgado em outubro, seguem apostando preferencialmente na modalidade presencial. Mas já têm o Ensino a Distância (EaD) como aposta.
Diretora de Graduação da PUCRS, Adriana Justin Cerveira Kampff cita inclusive o trânsito como dificuldade para os alunos dos cursos tradicionais. A universidade é uma das pioneiras no Estado na oferta de EaD, mas ainda não tem cursos totalmente online.
O uso de plataformas digitais é uma prioridade, diz Adriana, doutora em Informática na Educação.
– Oferecer cursos totalmente a distância está, sim, no horizonte da universidade. É uma possibilidade. Mas, para isso, precisamos analisar o cenário sempre entendendo o papel da universidade como instrumento de formação sólida e quais cursos seriam adequados no entendimento institucional para essa modalidade – pondera.
A diretora de Educação Continuada da PUCRS, Renata Bernardon, é responsável pela estrutura que reúne cursos de especialização, extensão e sequenciais da universidade, nas modalidades presencial, semipresencial e a distância. Para ela, o tempo de cada aluno é um dos pontos fortes do EaD:
– Nos nossos cursos, os alunos tem a grande vantagem de administrar o seu tempo, possuem a liberdade de geri-lo. A dinâmica do curso vai de acordo com o seu ritmo de absorção do conteúdo. Além disso, o nosso modelo conta com professores convidados e da PUCRS, que atuam de maneira complementar, compartilhando as áreas de conhecimento.
A Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), 36ª entre as melhores do país no RUF 2019, também aumenta gradativamente o espaço do EaD. Pró-Reitor Acadêmico e de Relações Internacionais da instituição, Alsones Balestrin divide em duas as estratégias do ensino a distância no país: a de “massificação”, segundo ele voltada para o mercado, com maior número de polos pelo país e com ensino “mais padronizado”, e a de “diferenciação”, que vislumbra o currículo mais detalhadamente antes de oferecer a modalidade EaD.
– Na Unisinos, temos em torno de 3 mil alunos em cursos a distância (22 mil na presencial). Trabalhamos mais com ensino “não massificado”, direcionado, com turmas menores que nos possibilitam manter a excelência acadêmica – diz Balestrin.
Nas universidades públicas, a oferta de vagas tem por norte as necessidades regionais. Lovois de Andrade Miguel, secretário de Educação a Distância da UFRGS, lembra que o avanço das tecnologias vem permitindo o aperfeiçoamento desse método de ensino também na educação pública – mas sem a pressão do mercado.
– Estamos caminhando a passos largos para o que chamamos de “ensino híbrido”, as duas modalidades em um mesmo curso – acredita.
Para Miguel, mesmo as instituições tradicionais e reconhecidas pela qualidade no ensino presencial vão avançar no EaD. Coordenadora Acadêmica da Secretaria de Educação a Distância da UFRGS, Alexandra Lorandi Macedo destaca que corpos docentes qualificados, como o da instituição federal, têm manifestado interesse em ministrar aulas a distância. O crescimento da modalidade, no entanto, depende de decisões de quem estiver no poder.
– Nós precisamos, hoje, ter apoio do governo para crescer. Temos sete cursos prontos para serem oferecidos aos estudantes da UFRGS. Não sabemos até que ponto haverá recursos para que sejam efetivamente ofertados – diz Alexandra.
A UFRGS disponibiliza cursos gratuitos no método EaD. Há processos seletivos para preencher as vagas. Professora da rede municipal de ensino de Porto Alegre, Nádia Albuquerque Luchini concluiu neste ano a Licenciatura em Pedagogia a distância na instituição.
– Para nos organizarmos, a primeira coisa que nos estimularam a fazer foi uma tabela de horário de estudo. Eu fazia quatro horas por dia – recorda a professora.
Nádia mal terminou um curso EaD e já começou outro. Está fazendo especialização em Orientação Educacional, também na UFRGS. Já Simone Vacaro Fogazzi cursa a distância a especialização de Gestão Escolar. É a sua estreia como aluna de EaD, mas já deu aulas na modalidade.
– É uma experiência bastante rica, que exige muita organização pessoal e vontade de aprender. Porque no presencial o deslocamento já vai te predispondo ao estudo. No EaD, tu tens que ter um ambiente propício, um tempo, uma organização muito rígida – avalia Simone.
Para acessar o conteúdo das aulas, a professora diz usar as mais variadas plataformas – do computador que fica em um ambiente tranquilo e silencioso de sua casa até o celular, acessado quando está em outros locais. Ela não abre mão de imprimir os materiais didáticos.
– Baixo o material para estudo e imprimo tudo, porque ainda gosto de leitura física. Vou fazendo marcações e costumo elaborar resumos – conta.
Dúvidas, segundo ela, são sanadas em um grupo de WhastApp do qual a tutora faz parte.