Estava difícil conter tanta euforia. Os sorrisos largos, os olhos curiosos e a conversa frenética denunciavam a alegria da gurizada durante o sonhado passeio pelo zoológico de Sapucaia do Sul nesta sexta-feira (6). Após terem a escola arrombada e o dinheiro do passeio de fim de ano levado por criminosos, as turminhas da Escola de Educação Infantil Osmar dos Santos Freitas, no bairro Santa Tereza, zona sul da Capital, finalmente puderam concretizar os seus planos.
A visita dos alunos da escola ao zoológico de Sapucaia foi viabilizada por uma rede de voluntários que se formou após a publicação da matéria em GaúchaZH. Servidores da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), que faz a gestão do parque, se mobilizaram para juntar dinheiro para oferecer lanche, almoço e brindes aos pequenos. A Sema também liberou os ingressos. A Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (SJCDH) conseguiu um ônibus e a Viação Ouro e Prata ofereceu outro.
— Tudo começou quando um colega me mandou o link da reportagem. Imediatamente aquilo começou a repercutir nos nossos grupos de WhatsApp. Resolvemos ajudar e no dia seguinte eu fiz o contato com a escola. Muitos colegas, pessoas de setores diferentes começaram a depositar o dinheiro e a ajudar — conta a auxiliar administrativo Inês Tremarin, 59 anos, há 40 anos atuando no zoológico.
Gratidão
O encontro entre Inês e a diretora da escola, Maria Alice da Silva, 58 anos, na chegada ao parque foi tomado de emoção. Realizadas em poder proporcionar o passeio, as duas tentaram conter o choro.
— Extremamente emocionada, pois se construiu uma rede muito grande, muito bonita para nos ajudar. E esta rede atingiu uma extensão tão grande, que já estamos levando ela adiante. Recebemos tantos brinquedos, que contemplaram todos os alunos, que agora estamos levando para outras escolas — disse a diretora.
Curiosidade
Assim que chegaram ao parque, 68 alunos, com idades entre três e seis anos, e 16 professores da escola deram início ao passeio. O objetivo maior era encontrar os animais de grande porte e mais curiosos: jacaré, hipopótamo, leão, elefante estavam na lista de prioridades da gurizada.
— Está sendo muito legal, eu adorei ver o leão e o tigre — detalhava entusiasmado Arthur Galvão, de cinco anos.
— Eu ainda quero ver o hipopótamo! — exclamava Caio Kiefer, seis anos.
Após o almoço, os alunos ganharam picolés e brindes. Professores, que acompanhavam a excursão, também comemoraram e agradeceram pela ajuda.
— Para nós está sendo um momento de felicidade, pois estamos conseguindo realizar o sonho deles. Isso tudo está acontecendo depois de uma tristeza muito grande, mas que se tornou algo bem maior depois que tudo passou — descreveu a professora Sheila Morel, de 43 anos.
Relembre o caso
Durante o crime, que ocorreu na madrugada do dia 20 de novembro, além do dinheiro, os ladrões levaram duas televisões, dois rádios, caixas de som e notebook. Os aparelhos apareceram no dia seguinte em um terreno nos fundos da creche, mas o valor não foi devolvido.
Os R$ 4 mil furtados seriam usados para pagar a ida ao zoológico, um passeio para a Quinta da Estância, em Viamão, e nas festas de formatura e Natal. O valor foi recolhido ao longo do ano a partir de doações de pais e professores e também na festa junina, rifas, brechós e venda de doces. Após o crime, a escola fez uma caminhada pelo bairro pedindo mais segurança e uma corrente de solidariedade se formou.