O Escola sem Partido (ESP), criado e liderado pelo advogado Miguel Nagib, 58 anos, deve suspender suas atividades a partir de 1º de agosto. O anúncio, realizado nas redes sociais do projeto na terça-feira (16), alegou a "absoluta falta de apoio" como razão para finalizar as atividades do grupo, após 15 anos de história lutando contra a suposta "doutrinação" nas escolas brasileiras.
Em entrevista ao jornal O Globo, Nagib declarou que esperava receber mais apoio político do presidente Jair Bolsonaro (PSL), que se elegeu em outubro de 2018 utilizando seguidamente a bandeira do movimento em sua campanha eleitoral.
— Não esperávamos um suporte do governo, mas um apoio político do presidente Bolsonaro — disse Nagib.
Ainda de acordo com a publicação, o advogado esperava receber apoio financeiro de empresários para manter a iniciativa na ativa, uma vez que, até o momento, ele é o único a financiar o projeto:
— Quem banca tudo sou eu. Gostaríamos de colaborar com a sociedade, achamos que o projeto é importante... Há várias iniciativas que têm apoio de empresários e achamos que a nossa é uma causa de interesse público.
Em um depoimento publicado nesta quinta-feira (18), Nagib ainda confessou outras dificuldades no ESP. "Sempre que falo em nome do Escola sem Partido procuro passar a impressão de que se trata de um trabalho coletivo, mas, na verdade, quem faz tudo sou eu", escreveu. "Além disso, sou eu que pago todas as despesas relacionadas à nossa associação, às nossas páginas e aos eventos realizados em Brasília".
O fundador também reclamou da falta de importância que o Bolsonaro deu ao tema, após a eleição. "Desde o início do governo de transição, não me lembro de tê-lo ouvido falar em Escola sem Partido. Por alguma razão, o tema sumiu do radar do Presidente."
De acordo com Nagib, ele não foi recebido pelo ex-ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, e não foi tratado com a atenção o suficiente pelo atual ministro, Abraham Weintraub. "Fiz papel de bobo", conta.
Atualmente, o projeto Escola Sem Partido está em trâmite na Câmara dos Deputados, com o Projeto de Lei 246/2019, protocolado pela deputada Bia Kicis (PSL-DF) em 4 de fevereiro.
O novo projeto foi protocolado depois de comissão especial ser instituída na Câmara dos Deputados para debater e votar o Escola sem Partido, mas encerrar os trabalhos sem votar a proposta, em dezembro do ano passado. O presidente da comissão especial, deputado Marcos Rogério (DEM-RO), decidiu que não iria mais convocar reuniões do colegiado em razão da falta de quórum e da agenda apertada de fim de ano. Com o fim da legislatura, o projeto foi arquivado.