Divulgada nesta quarta-feira (19), a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), indica um panorama educacional da população brasileira em 2018. O Rio Grande do Sul conta com 281 mil analfabetos (3%) na faixa etária de 15 anos ou mais, repetindo percentual do ano anterior. Em 2016, esse montante era de 3,2%. O Brasil registrou 11,3 milhões de pessoas que não sabem ler nem escrever, o que corresponde a 6,8%.
Em relação a taxa de analfabetismo entre as pessoas de 60 anos ou mais, o Estado não tem conseguido diminuir os números, ao contrário de boa parte do país. Em geral, no Brasil, houve uma redução entre 2017 e 2018, que foi mais intensa no Nordeste. No RS, a taxa era de 9,2 em 2016, chegou a 8,4 em 2017 e ficou em 8 em 2018 – o que é considerado pelos técnicos do instituto como estável. Na análise das pessoas brancas, a taxa de analfabetismo passou de 6,5, em 2017, para 6,1, em 2018. Já para pessoas pretas ou pardas, os números se distanciam mais: 20,7 em 2017 e 18,9 em 2018.
Coordenador da Pnad Contínua no Estado, Walter Paulo de Sousa Rodrigues entende que fatores demográficos do Rio Grande do Sul, que possui um elevado número de idosos, ajudam a explicar a pequena oscilação no indicador. Segundo o especialista, o chamado analfabetismo residual, onde entram, por exemplo, pessoas com 70 anos ou mais que não se alfabetizaram e provavelmente não vão realizar o processo, também ajuda a explicar o resultado. Rodrigues destaca que o número de analfabetos na faixa etária de 60 anos ou mais no Brasil (18,6%) é praticamente o dobro do registrado no Estado em números percentuais:
— Nós temos uma taxa bem baixa então não temos muito mais o que reduzir, talvez esse residual não permita que a gente tenha uma grande redução nessa faixa etária. No caso do Brasil, como é um percentual bem mais alto, tu vais ter uma margem de queda. Talvez essa queda se explique por essas pessoas que estão entrando hoje na faixa dos 60 anos.
"Nem, nem"
Outro indicador que chama a atenção, segundo Rodrigues, é o sobre o grupo dos chamados "nem, nem" — pessoas entre 15 e 29 anos que não estudam e nem trabalham. No Estado, 2018 repetiu os dois anos anteriores, registrando grande diferença entre homens e mulheres. No sexo masculino, o número de não ocupado e não frequentando escola, nem cursos pré-vestibular, técnico de nível médio ou qualificação profissional era 11,1% em 2016, aumentou para 11,4% em 2017 e teve nova elevação em 2018, 11,9%. As mulheres registraram sequência de 20,3%, 20,6% e 20,8%. No total, com ambos os sexos, o número fica em 16,3%.
Em termos regionais, Sudeste, Centro-Oeste e Sul se mantiveram com média de anos de estudo das pessoas acima de 25 anos acima da nacional, com 10, 9,6 e 9,6 anos. Já as regiões Nordeste e Norte ficaram abaixo da média nacional, com 8,7 anos e 7,9 anos. Todas as regiões tiveram aumento entre 2017 e 2018, que variou entre 0,1 e 0,2 ano de estudo. O RS também ficou acima do registrado pelo país no indicador, com 9,5 anos, número estável comparado aos dois anos anteriores.
Na Educação Infantil, que engloba crianças de zero a cinco anos, a frequência à escola ou creche varia entre as regiões. Entre as crianças até um ano, no Sul, 21,6% estava na escola. O número é seguido pelo Sudeste, com 17,7%, e no Centro-Oeste, com 11,4%. Nas Regiões Norte e Nordeste, apareceram os menores percentuais em 2018: 3,0% e 4,6%.
Já a faixa etária mais velha da Educação Infantil (correspondente à pré-escola), de quatro a cinco anos, o país registrou percentual elevado de escolarização, mas não alcançou a universalização – o Plano Nacional de Educação (PNE), lei sancionada em 2014, previa que todas as crianças nesta faixa etária deveriam estar matriculadas na pré-escola até 2016, o que não ocorreu. Neste quesito, o Nordeste se destaca com o número mais alto de crianças na escola desde 2016, alcançando 95,4% em 2018. Sudeste e Sul vem na sequência e superaram os 90%. Norte e o Centro-Oeste ficaram com 86,4% e 86,3%. No Rio Grande do Sul, a taxa ficou em 85,6%, considerada estável.
Entre estudantes mais velhos, de 15 a 17 anos, a taxa de escolarização subiu em 2018 para 88,2%, após dois anos de estabilidade. A região Sul teve melhora no indicador: de 85,8% em 2017 para 88,2% em 2018. Nas demais regiões, o indicador se manteve estatisticamente estável. O RS registrou 89%.