Mestre em Educação e professora de Pedagogia da Feevale, Dalila Backes compara a transição escolar ao começo de um novo emprego para os pais: uma fase de nervosismo, ansiedade e muitas dúvidas. Para ela, o ideal é manter um diálogo aberto com os filhos, envolvendo compreensão e transmissão de confiança para que os estudantes consigam chegar mais seguros e tranquilos a esse recomeço letivo.
Essa transição escolar é importante de ser abordada com os filhos?
As crianças e adolescentes reagem às mudanças do mesmo modo que nós, os adultos. É como quando vamos ao trabalho pela primeira vez. Ficamos nervosos, ansiosos, e com as crianças e adolescentes acontece o mesmo, ainda que a forma de exteriorizar e manifestar seja diferente. Por essa razão, os pais devem falar com os filhos sobre a nova situação, transmitir-lhes confiança, pedir-lhes colaboração e sua compreensão e demonstrar-lhes que estão seguros e tranquilos com esse novo início de escolaridade.
Desenvolver a empatia, colocando-se no lugar do jovem e aprendendo junto com ele."
Passar de um ciclo escolar para outro representa maior maturidade entre os ingressantes?
Penso que as questões de maturidade têm relação com o desenvolvimento emocional e cognitivo e como cada pessoa é única, é difícil generalizar. Também fatores socioculturais influenciam nesse desenvolvimento. Portanto, é imprescindível que as famílias mantenham um olhar atento também a este jovem que inicia uma nova caminhada, repleta de desafios e que muitas vezes a sociedade exige deles uma postura mais madura, para a qual ainda não estão preparados. Compreender esses novos jeitos de ser e de estar no mundo é função dos educadores (pais, professores). Desenvolver a empatia, colocando-se no lugar do jovem e aprendendo junto com ele. Toda a idade tem a sua beleza e deve ser vivida plenamente, sem antecipações desnecessárias. Tudo a seu tempo.
Para aqueles alunos que estão repetindo o ano, como deve ser o ambiente familiar nesse momento? Cobrar, disciplinar, dar autonomia?
Este é um momento delicado para estes alunos e para suas famílias também. Muitas vezes as famílias fazem um investimento financeiro para que os filhos tenham a oportunidade de frequentar uma escola privada e aí vem a frustração, o sentimento de ter sido em vão. A família, por sua vez, deve repensar como foi o acompanhamento desses estudos durante todo o ano: se envolveram, acompanharam, foram até a escola conversar com os professores, participaram das reuniões e entrega de avaliações? É preciso fazer uma avaliação através do diálogo, elencando junto com a criança/adolescente os motivos que levaram à reprovação. Que em alguns casos é necessário e que é preciso seguir em frente. Que pode acontecer com qualquer pessoa, mas que é preciso comprometer-se mais no próximo ano.