Mesmo depois de sediar eventos internacionais grandiosos, como a Copa do Mundo 2014 e as Olimpíadas 2016, o Brasil não conseguiu mudar de patamar no desempenho em língua inglesa. O país ficou no grupo de nações com "proficiência baixa" no idioma e ainda caiu da 41ª para a 53ª posição no ranking do Índice de Proficiência em Inglês (EPI, na sigla em inglês) divulgado nesta terça-feira (30). Já a Rússia, sede do Mundial neste ano, estava somente três posições acima do Brasil, mas conseguiu avançar para a "proficiência moderada".
O EPI foi criado pela EF Education First, empresa de educação internacional especializada em intercâmbio, em 2011, para avaliar os níveis de proficiência no mundo a partir de um teste padronizado. São 88 países avaliados, com cerca de 1,3 milhões participantes. No Brasil, o número expressivo de pessoas que passaram pelos testes — em torno de 350 mil — permitiu que se fizesse um recorte por Estados. Nesta lista, o Rio Grande do Sul figura entre os cinco melhores em proficiência na língua inglesa, cujo topo está com São Paulo.
— Não fizemos uma avaliação sobre a influência da imigração (alemã e italiana) especificamente no Rio Grande do Sul, mas sabemos que onde há multilinguismo existe um favorecimento para que se estude e se dê continuidade aos estudos de outra língua — diz o vice-presidente de Relações Acadêmicas da EF na América Latina, Luciano Timm.
O levantamento também apresenta um ranking com pontuações de proficiência em inglês para mais de 400 regiões e cidades. Três cidades brasileiras figuram entre as chamadas Top 50. Brasília aparece em 36º lugar (54,64), São Paulo em 38º (54,02) e Rio de Janeiro em 42º (53,16). As cidades que não aparecem no ranking não conseguiram número mínimo de participantes nos testes, caso de Porto Alegre.
Políticas públicas para melhorar desempenho
Na edição deste ano do EPI, o Brasil conquistou uma pontuação de 50,93, menor do que a de 2017, quando chegou a 51,92 pontos e ficou atrás inclusive de países como Paquistão e Albânia. A pontuação do EPI vai de zero a cem, e no primeiro lugar mundial do índice desponta a Suécia. Na comparação com outros países da América Latina, o Brasil se manteve na média de proficiência e somente a Argentina aparece no grupo daqueles com "proficiência alta".
— A gente nota que no Brasil falta continuidade em políticas públicas para o estudo de língua inglesa. É preciso entender esse conhecimento como algo estratégico dentro da nossa evolução. O idioma expande nossos limites dentro do mundo — analisa Timm, ressaltando que, na Suécia, desde 1970 há um plano bilíngue dentro da educação, o que pode explicar o ótimo desempenho do país no índice.
O EPI tem cinco níveis de proficiência: "muito alta", "alta", "moderada", "baixa" e "muito baixa". N EPI, o Brasil sempre esteve no grupo de proficiência "baixa", com exceção de 2012, quando foi "rebaixado" à proficiência "muito baixa".
Neste ano, 13 novos países entraram na avaliação: Afeganistão, Albânia, Bielorrússia, Bolívia, Croácia, Etiópia, Geórgia, Honduras, Líbano, Mianmar, Nicarágua, Senegal e Uzbequistão. Seis não entraram no ranking desta vez: Angola, Camarões, Catar, Cuba, Laos e Mongólia.