A Escola Estadual de Ensino Médio Anne Frank inaugura nesta tarde um laboratório de matemática criado para servir de apoio aos conteúdos trabalhados em sala de aula. O novo espaço de aprendizado dentro da instituição é fruto de esforço conjunto que uniu a comunidade e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), representada por estudantes do curso de Matemática que integram o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid).
Elaborado por integrantes do Pibid, programa federal que oferece bolsas a alunos de cursos de graduação que se dedicam ao estágio nas escolas públicas, o projeto de criação do laboratório contou com doações de materiais e incentivos financeiros de entidades locais, como a Instituição Judaica Filhos da Aliança. Buscando arrecadar recursos, também foi realizada a venda de rifas, cujo sorteio será realizada na cerimônia de inauguração.
A sala em que o laboratório se localiza foi totalmente reformada. Vidros foram trocados, paredes pintadas e tomadas elétricas instaladas para que fosse possível a sua utilização. Dentre os recursos presentes no espaço, destaca-se uma lousa digital que possibilita a manipulação de vídeos, aplicativos e imagens em três dimensões. Doada pelo Estado há três anos, ela nunca havia sido utilizada.
— Já tínhamos a lousa na escola, mas não estava sendo usada porque a gente não tinha quem ensinasse o manuseio. Agora, o pessoal do Pibid está preparado para dar as oficinas para que os professores possam usar esse ótimo recurso — conta a professora de matemática do 8º e 9º anos do Ensino Fundamental, Terezinha de Oliveira Moura.
De acordo com a docente, o laboratório servirá de apoio ao ensino de sala de aula e também na elaboração de oficinas que capacitem os professores a lidarem com equipamentos digitais.
Ex-integrante do Pibid e atualmente voluntário na escola Anne Frank, Nicolas Giovani da Rosa afirma que o novo espaço e os seus recursos propiciam aos professores diferentes possibilidades de explicar o conteúdo.
— Nem todo mundo aprende da mesma maneira, então nesse espaço o estudante pode perceber as suas maneiras de assimilar os conteúdos. Pode ser vendo um vídeo no YouTube, manipulando os materiais presentes na sala ou jogando — diz o estudante do 8º semestre de Matemática da UFRGS.
O laboratório, que vai ser inaugurado a partir das 15h30min desta quinta-feira (21), conta ainda com objetos geométricos em madeira e papelão, blocos lógicos para a realização de atividades pedagógicas, além do tradicional quadro branco. Todos os alunos, das séries iniciais ao Ensino de Jovens e Adultos (EJA), poderão usufruir do local.
Insegurança sobre o futuro da parceria
Além de novas formas para o aprendizado da matemática pelos alunos da Anne Frank, a parceria também é importante para os universitários da UFRGS. Segundo a coordenadora de Subprojeto PIBID Matemática, Andréia Dalcin, a iniciativa é essencial para o aperfeiçoamento da formação dos estudantes dos cursos de licenciatura.
— É visível a diferença entre os estudantes que passam e os que não passam pelo Pibid. O fato de eles poderem atuar nas escolas desde o início da faculdade os torna mais autônomos, melhores professores, e traz motivação para seguirem na carreira — explica a docente.
No atual formato, os bolsistas do programa passam dois turnos por semana nas escolas e realizam reuniões semanais com as coordenadoras do projeto. A preocupação da professora é que a parceria não tenha continuidade no ano que vem ou que sejam feitas alterações no programa. Conforme a professora, o edital tem prazo de término em fevereiro e não há garantia de que será mantido.
Em nota, o Ministério da Educação disse que o programa não será encerrado e que um novo edital será aberto no começo de 2018. No entanto, o órgão confirma que o programa passará por uma "modernização" seguindo a nova política de formação de professores, anunciada este ano. Os detalhes de como vai funcionar não foram informados.
Para Nícolas, o trabalho desenvolvido na Anne Frank deve servir de exemplo da importância da parceria entre a universidade, a escola e a comunidade.
— Se eu fosse resumir o Pibid em uma palavra, seria justamente essa sala, porque aqui tem esforço, contribuição de alunos, da escola, dos professores, da comunidade do Bom Fim. Então, isso que é o Pibid, uma união de mãos para poder fazer acontecer alguma coisa — finaliza.
